Rua Marechal Deodoro, lanchonete Apollo, julho de 1973
Rua Marechal Deodoro, Lanchonete Apollo, em dezembro de 1975
Situado na Rua Marechal Deodoro, ao lado de onde ainda funciona a agência dos Correios, o Café Apollo (ou lanchonete Apollo, homônima à marca de café que também teve fábrica em Juiz de Fora) era mais um dos pontos clássicos de parada para um lanchinho no Centro. Bastava virar a esquina da Rio Branco com a Marechal e já era possível sentir o cheirinho de café que vinha de lá e tomava toda a rua. Fundado no fim dos anos 1960, o Café Apollo funcionou até meados dos anos 1990, e o salão amplo com mesas e atendimento também no balcão foi cenário de criação de memórias gastronômicas e afetivas de várias gerações de juiz-foranos.
Venho abrindo o baú da memória e me veio a doce lembrança do Café Apollo. Lembrança da época de menino das décadas de 70 e 80, das férias, de um tempo que me acompanha até hoje. Como um investigador, mergulhei na internet e fui garimpando estas fotos.
Como num Cinema Paradiso, voltei no tempo, resgatando parte da minha própria história. Queria saber se o café ainda era vendido...
Fábrica do Café Apollo, Rua José Calil Ahouagi, em fevereiro de 1952
Fábrica do Café Apollo, Rua José Calil Ahouagi, em fevereiro de 1952
Café Apollo, propaganda de 1955
Eis que surge na bateia uma propaganda do café, parafraseando a música de Caetano Veloso.
Café Apollo, propaganda
Nossa, este chaveiro reflete um costume muito comum nas décadas de 1970 e 1980, a de brindes de marcas da época...
Antigo chaveiro comemorativo do Café Apollo
E foi que descobri que o Café Apollo foi incorporado ao Grupo Toko, que agora o comercializa. Grata alegria! Pois um café que marcou história em Juiz de Fora não poderia desaparecer das prateleiras... E incorporado aos novos tempos, ele é vendido no site www.bomdia.com.br. É o Café Apollo de minha infância na era da web. Ouro maior que garimpei foi o anúncio da venda pela internet dos pacotes de café. Feliz por manterem a identidade visual da marca, agora estampando o Selo de Pureza da ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café), bem como o Selo de Controle de Qualidade - Café Tradicional.
Pacote atual de Café Apollo
Existem várias formas de contar a história de uma cidade: através de seus moradores, sua arquitetura e seus documentos. O Café Apollo faz parte desta história, da cidade e de todos nós.
A RISADA DE IRENE (De http://soquesim.blog.br/2016/02/22/risada-irene/)
Tem gente que ri alto, tem gente que sorri em silêncio. Tem sorriso que faz as maçãs do rosto crescerem e se avermelharem. Tem risada curta, demorada e risada que contagia. Tem gente que sorri com os lábios fechados e tem gente que sorri com as sobrancelhas arqueadas. Há aqueles que no meio de um choro desatam a sorrir e há aqueles que durante uma risada começam a chorar. Assim como as linhas de nossa mão ou como nosso DNA, a maneira como sorrimos faz parte de nossa identidade.
Quando o álbum branco de Caetano Veloso foi lançado em agosto de 1969, o cantor já estava exilado em Londres. Certamente uma das obras mais bonitas de Caetano, o álbum conta com Marinheiro Só, Carolina, Os Argonautas e Irene. Com letra simples, de poucas linhas e versos extremamente sonoros, Irene é uma grande canção: uma pessoa que está em um lugar que não é seu quer voltar para casa e ver – não apenas ouvir – uma mulher, chamada Irene, dar sua risada. Não é preciso saber quem é a moça dos versos para afirmar que a música é muito bonita:
Eu quero ir, minha gente, eu não sou daqui
Eu não tenho nada, quero ver Irene rir
Quero ver Irene dar sua risada
Eu não tenho nada, quero ver Irene rir
Quero ver Irene dar sua risada
Irene ri, Irene ri, Irene
Irene ri, Irene ri, Irene
Quero ver Irene dar sua risada
Irene ri, Irene ri, Irene
Quero ver Irene dar sua risada
A poesia de Irene fica ainda mais bonita ao se descobrir a história que está por trás da canção. Em 27 de dezembro de 1968, 14 dias após o AI-5 entrar em vigor, Caetano Veloso foi preso por agentes da Polícia Federal em São Paulo. Acusado de ter desrespeitado a bandeira e o hino nacional, foi transferido para o quartel do Exército de Marechal Deodoro, no Rio, e teve a cabeça raspada. Só sairia da prisão em fevereiro de 1969 para, meses depois, ser convidado a se retirar do país e partir para o exílio em Londres. Foi durante o encarceramento no Rio de Janeiro que Caetano Veloso escreveu Irene.
Irene é a irmã caçula de Caetano. Em seu livro Verdade Tropical, no capítulo dedicado aos seus dias na prisão, Caetano descreve a irmã e conta como surgiu a música:
"A figura de minha irmã Irene aparecia com freqüência em minha mente como um antídoto contra essas sombras. Irene tinha catorze anos então e estava se tornando tão bonita […]. Mais adorável ainda do que sua beleza era sua alegria, sempre muito carnal e terrena, a toda hora explodindo em gargalhadas sinceras e espontâneas. Mesmo sem violão, inventei uma cantiga evocando-a, que passei a repetir como uma regra."
E é por isso que a canção agora fica ainda mais bonita e significativa: um sujeito preso evoca o sorriso da irmã como remédio para aliviar o sofrimento de se estar em uma prisão controlada por um regime militar. Se por um lado, na prisão, temos o enclausuramento, a solidão e a opressão, por outro lado, na risada aberta de Irene, temos o acolhimento e a vontade de se estar livre: a risada alegre se contrapondo à tristeza da prisão.
Fonte:
http://colunaacontecendo.blogspot.com.br/2015/11/ribuna-relembra-lugares-que-marcaram.html
http://soquesim.blog.br/2016/02/22/risada-irene/
Fonte das Figuras:
http://www.mariadoresguardo.com.br/2012/02/rua-marechal-deodoro-lanchonete-apollo.html
http://www.mariadoresguardo.com.br/2012/12/rua-marechal-deodoro-lanchonete-apollo.html
http://www.mariadoresguardo.com.br/2012/04/cafe-apollo-rua-jose-calil-ahouagi-em.html
http://www.mariadoresguardo.com.br/2010/11/cafe-apollo-propaganda-de-1955-arquivo.html
http://www.mariadoresguardo.com.br/2014/06/
http://www.bomdia.com.br/nossas-marcas/
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