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sexta-feira, 30 de março de 2018

‘CAFÉ ESPECIAL’ BRASILEIRO É OURO EM GRÃO PARA PEQUENOS PRODUTORES


“Aqui, nós sempre produzimos café comum, e mal conseguíamos sobreviver com esta produção. Nunca pensamos que poderíamos fazer café especial”, conta Afonso Abreu de Lacerda, assinalando que não sabia que tinha “tal tesouro entre os dedos”.



Na ladeiras das montanhas de Caparaó, entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, o agricultor de 45 anos e seus vizinhos acabaram de colher manualmente as bagas vermelhas e amarelas dos arbustos de até dois metros de altura.

Eles produzirão o café Arabica “especial”, com qualidade e preço muito superiores ao café comum, do qual o Brasil é o maior produtor mundial.

Este café de qualidade superior permite que os produtores escapem das flutuações dos preços mundiais e garantam sua renda.

Depois de classificar as “cerejas” de café de acordo com seu nível de maturidade, ou seja, as cascas semi-rígidas que servem de abrigo aos grãos, e retirarem sua polpa com a ajuda de uma máquina, Afonso lava os grãos maduros e os dispõem sob estufas abertas, construídas abaixo da plantação de 20 hectares.

De oito a dez vezes por dia, ele e seus dois irmãos, Ademir e José Alexandre, também cafeicultores, revolvem os grãos com um ancinho para garantir uma secagem uniforme, que, dependendo da estação, pode durar até um mês.

“Antes, colhíamos todas as cerejas de café ao mesmo tempo, inclusive as que não tinham chegado ao nivel ideal de maduração. Colocávamos todas no chão para secar, sem ter tirado a casca e quando chovia, cobríamos com uma lona de plastico. Anteriormente, colhíamos todas as cerejas de café ao mesmo tempo, incluindo as que ainda não tinham chegado ao nível ideal de maturação”, explica.

“Colocávamos as cerejas para que secassem ao sol, sem descascá-las, e cobríamos com uma lona quando chovia”, recorda.

Depois, vendiam tudo para as empresas de torrefação “que misturavam todos os grãos, qualquer fosse a qualidade deles”.

A 1.180 metros de altitude, a propriedade, localizada em Forquilha do Rio, em Dores do Rio Preto, pertenceu ao avô e depois ao pais de Afonso, que como nas demais pequenas fazendas familiais da região produziam café segundo este método e viviam em dificuldades.


O MELHOR DOS GRÃOS

Após uma visita de um técnico do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) há uma década, Afonso e seus irmãos descobriram que sua plantação tinha potencial para produzir café de alta qualidade.

“Nosso solo é ideal, mas devíamos melhorar nossos métodos de trabalho, especialmente o processo pós-colheita”, explica Afonso.

Em seguida, participou de formações e treinamentos com outros agricultores e em 2009 recebeu das autoridades públicas uma máquina para triagem e uma despolpadeira.

No ano seguinte, Afonso ganhou, para sua surpresa, uma competição regional de café de alta qualidade, antes de conquistar vários títulos nacionais.

Hoje, dos quase 750 sacos de 60 kg produzidos a cada ano em suas duas propriedades, 400 são preenchidos com café especial, que ele vende por até 1.500 reais a unidade, contra os 430 reais cobrados pelo café comum.

– Lista de espera –
Precursores na região, Afonso e seus irmãos agora vendem seus grãos para as melhores lojas especializadas do Brasil e exportam dois terços para vários países, incluindo Estados Unidos, Austrália e Japão.
Como eles, dezenas de cafeicultores das montanhas de Caparaó se voltaram para esse mercado mais exigente, mas mais lucrativo e crescente.
De acordo com a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), enquanto a demanda global por café comum vem aumentando 2% por ano, enquanto que o aumento para o café superior está crescendo entre 10 para 15%.

“No começo, tínhamos que ir até os clientes; hoje temos uma lista de espera de compradores”, ressalta Cecilia Nakao, de 53 anos, produtora e barista profissional.

Em sua pousada, perto da fazenda de Afonso, esta especialista prova cafés como se fossem vinhos e aconselha os cafeicultores.

“Com a produção desse tipo de café, o agricultor se aproxima do consumidor final e do próprio produto dele e pode permitir-se de ser mais exigente com seus intermediários”, diz ela.

“Para um pequeno cafeicultor brasileiro, tornar-se um ator-chave do mercado é algo muito novo”, destaca.



Fonte:
http://jorgequadros.com.br/cafe-especial-brasileiro-e-ouro-em-grao-para-pequenos-produtores/ 

quarta-feira, 28 de março de 2018

QUAL É A DIFERENÇA ENTRE CAFÉS COMUNS E CAFÉS ESPECIAIS?



Do ponto de vista sensorial, cafés especiais são aqueles com atributos de sabor e aroma excepcionais, também conhecidos como cafés gourmet. São cafés que produzem bebidas muito aromáticas, sem amargor e que não dão azia! Representam cerca de 5 a 10% dos cafés produzidos no mundo.
A seguir uma tabela síntese com as principais diferenças entre os cafés especiais e os tradicionais.


Tipos de grãos
No mercado de café tradicional, tudo é simplesmente café e assim o brasileiro se acostumou a pensar. Mas no mundo do café especial, o café na verdade são cafés! Há diferenças decorrentes da genética, do tipo de solo, da altitude, da região de origem, dos métodos de colheita e secagem, entre outros, que irão criar um amplo leque de sabores e aromas possíveis.

Primeiro é preciso entender que café é uma fruta, e assim como outras frutas, tem várias variedades, que claro, se refletem no sabor final. Todo mundo sabe que banana prata e maçã tem sabores distintos, ou que a uva roxa é bem diferente da uva verde. Assim também é o café. A primeira diferença surge então da variedade da planta: os melhores cafés são da espécie Coffea Arabica e produzidos em grandes altitudes, então se um café é 100% arábica já é uma indicação de qualidade.
Todos os cafés produzidos em Piatã e na Chapada Diamantina são da espécie arábica. Dentro dessa espécie, existem diversas variedades, que se adaptam diferentemente a cada região. As variedades mais cultivadas em Piatã são o Catuaí Vermelho, Catuaí Amarelo, Catucaí Amarelo, Acauã e Topázio, entre outros. Sim, a variedade pode produzir frutos vermelhos e frutos amarelos, cada um apresentando notas de sabor e aromas distintos.

A colheita
A segunda diferença surge na colheita. Como toda fruta, o café atinge seu melhor sabor quando está maduro. Frutos ainda imaturos ou passados produzem sabores desagradáveis na bebida. A colheita seletiva manual é o método mais trabalhoso e o mais utilizado em Piatã. Produz os cafés de mais alta qualidade, pois apenas os frutos maduros, conhecidos como cerejas pela sua cor vermelho rubi, são coletados pelas apanhadeiras.

Cafés colhidos pelo método da derriça manual ou mecânica, em que todos os frutos do galho são arrancados de uma só vez, tendem a produzir lotes inferiores, pois uma grande quantidade de frutos verdes é colhida. Isso irá conferir um sabor adstringente na bebida, áspera na língua, como a sensação de comer banana verde, característica típica de cafés tradicionais.

Processo de secagem
A terceira diferença nos tipos de grãos surge pelo processo de secagem, se feito com a casca, descascado ou despolpado em terreiros de terra batida ou de cimento. Em todos eles, o mais importante para se obter alta qualidade é garantir a desidratação dos frutos sem fermentar. Caso o café fermente durante a secagem, irá apresentar um sabor de remédio na bebida, muito comum nos cafés de baixa qualidade.

Para uma secagem de qualidade um bom terreiro é necessário. Em Piatã, os melhores cafés são produzidos em terreiros de cimento impecavelmente limpos, sem rachaduras e com estufas que protegem os grãos da chuva e do sereno da noite. Mas existem ainda muitos produtores que secam o café em terreiros de terra, o que normalmente produz cafés fermentados, pois a terra é rica em micro-organismos que contaminam os frutos e iniciam o processo de decomposição dos mesmos.

A secagem feita com a casca produz o chamado café natural, método mais utilizado no Brasil, pois não depende de maquinários. O processo dura entre 20 e 30 dias e é normalmente feito em terreiros de terra. Quando bem feita, a secagem com casca faz com que os açúcares da polpa da fruta migrem para o grão, conferindo doçura à bebida.

O café descascado, também conhecido como Cereja Descascado (CD), passa por uma máquina que separa os frutos maduros dos verdes e retira a casca do fruto, mas mantém a polpa, que fica aderida ao grão, indo assim para o terreiro. Sem a casca, a secagem é mais rápida, dura de 10 a 15 dias e é feita em terreiros de cimento, normalmente produzindo lotes de alta qualidade. O café CD apresenta características de doçura como um natural e de acidez e aroma como um despolpado.

O último método é o café despolpado, ou lavado, também conhecido em inglês como Fully Washed. Neste método, muito utilizado nos países da América Central, os frutos maduros descascados vão para um tanque com água onde são lavados ou ficam uma noite submersos, sendo assim retirada a sua polpa e seguindo para o terreiro. A secagem é rápida, em torno de 5 dias e as chances de fermentação são mínimas, produzindo lotes de alta qualidade. Esse tipo de café desenvolve um aroma muito marcante e acidez bastante pronunciada.


Fonte:
http://cafeterroa.com.br/nossos-graos/

CULT COFFEE

  Fonte Imagem: https://unsplash.com/pt-br/fotografias/cafeteira-branca-e-prateada-N0qKzNAC7Go