Pão, alimento
essencial ao ser humano ao longo da história da civilização. O mais cultuado. O
mais democrático: todos, ricos e paupérrimos, o comem e o comeram. Em todas as
culturas há pelo menos uma versão dele – quando não dezenas -, tão
presentes no dia-a-dia quanto o ar.
O homem aprendeu
a refinar os cereais há cerca de 12 mil anos, na Mesopotâmia e aí já começou a
assar pães, baixos e chatos, em pedras, no chão. Em 7000 a.C., no Egito,
foi criado o primeiro forno de barro para… assar pão, claro. Pouco mais tarde,
os mesmos egípcios descobriram, completamente por acaso, o fermento. Aliás,
descobriram o que chamamos hoje de “fermento natural”, microorganismos
presentes no ar que ao entrar em contato com farinha e a água, criam
bolhas de ar na massa, resultantes da sua digestão do amido (forma de açúcar
presente na farinha).
Pão de Altamura: uma jóia gastronômica
italiana feita com fermentação natural
Levain, lievito naturalle, sauerteig,
masa madre, sourdough. No importa o idioma, todas as expressões querem dizer a
mesma coisa: pães feitos com mais tempo, dedicação, resultando em sabores mais
complexos e, muitas vezes, bem melhores. São pães para quem ama fazê-los,
dedicados a quem tem prazer em comê-los. É o oposto do fast food: cada
pedaço tem história, artesanato e cultura.
Por conta da riqueza gastronômica e histórica
do fermento natural, a Puratos, multinacional do setor de panificação e
patisserie, criou em sua sede, na Bélgica, um complexo chamado de Center
for Bread Flavour. Dentro dele, cozinhas-modelo, centro de pesquisa
científica e a Biblioteca do
Levain.
São cerca de
50 fermentos naturais que dão origem a cinquenta pães diferentes produzidos há
centenas de anos na Itália, França, Hungria, Grécia e EUA – mas a coleção
aumenta a cada ano e todo padeiro que quiser ver seu “pé de massa” (modo como o
levain é chamado no Brasil), pode enviar uma amostra para a Puratos, juntamente
com um saco de farinha usado para a “alimentação”.
Pergunta
número um: se o levain é uma união de farinha, água, fonte de açúcar e
microorganismos presentes no ar, como pode se ter uma biblioteca de levain? Na
hora em que forem alimentar essa massa ela já não seria descaracterizada ao
entrar em contato com os microorganismos presentes nessa sala na Bélgica?
Pois então,
a Puratos e a Faculdade de Ciência da Alimentação da Universidade de Bari,
na Itália, criaram um método secreto de arejamento da massa que a mantém
intacta e precisa ser repetido somente a cada oito semanas… A única pena é a
Biblioteca não ser aberta ao público.
O assunto é rico e
meio viciante. Por isso, se quiser aprender a fazer o seu fermento natural em
casa, assisto ao vídeo abaixo, apresentado por Luiz Américo, crítico
gastronômico e autor do livro Pão Nosso, dedicado à fermentação
natural.
Fonte: http://gastrolandia.com.br/viagens/biblioteca-da-fermentacao-natural-uma-viagem-pela-historia-do-pao/
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