Italianos grandes comilões de pão? Como se diz por aqui, “ni”, que é um misto entre “no” e “sì”. Explico melhor. Nós sempre associamos a Itália ao consumo exagerado de pães e farináceos. Fica difícil pensar na mesa de uma família italiana sem a clássica cestinha repleta de fatias de pão. A questão é que esse hábito alimentar também está mudando.
De acordo com um estudo realizado pela Coldiretti (Confederação Nacional dos Cultivadores Diretos), nos últimos dez anos o consumo de pão na Itália caiu pela metade. Traduzindo o fenômeno em números, estima-se que cada italiano coma diariamente cerca de 85 gramas de pão.
Aos olhos de outras culturas esse número pode parecer razoável, mas é irrisório se comparado à quantidade de pão que os italianos consumiam em 1861, ano de unificação do país: cerca de 1,1kg por pessoa, ao dia. Obviamente, sobretudo durante o período de guerra, o pão era um alimento precioso. Durante os dois grandes conflitos mundiais, quem vivia no campo e possuía um forno a lenha tinha maiores chances de não sofrer a fome.
Até hoje o pão possui uma aura sacra. Aqui na Itália o pão é reaproveitado sempre que possível e se for mesmo necessário jogá-lo fora, muitos italianos costumam beijá-lo antes de depositá-lo no lixo.
Estatísticas à parte, culturalmente o pão é um alimento que quase nunca falta na casa dos italianos e não há restaurante que não inclua esse alimento entre aqueles indispensáveis. Se, por exemplo, a gente sabe que logo teremos pela frente um feriado prolongado e os supermercados estarão fechados, nos organizamos para comprar antecipadamente um filone di pane. Pão e casa são um ensemble inseparável.
Calcula-se que em território nacional existam cerca de 300 variedades de pães e cada um deles reflete a peculiaridade da culinária das diversas regiões da Itália. No norte do país, em cidades como Trento ou Bolzano, come-se frequentemente o pão de centeio. Em uma ilha como a Sardenha o protagonista é o pane carasau, que mais parece com uma sutil folha de papel. Na Toscana é hábito consumir pão sem sal (sciapo). A tradição é antiga e deriva da rivalidade histórica entre Florença e a República de Pisa. No século XII, os florentinos eram obrigados a pagar caro por essa mercadoria que chegava no porto toscano e decidiram renunciar ao sal.
No Brasil vamos até a padaria e pedimos os nossos pãezinhos. Aqui em Roma um turista pode ficar desorientado diante da infinita variedade de pães à venda. Como muitos fornos (o equivalente as nossas padarias) preparam na hora o sanduíche com o tipo de pão e frios escolhido pelos clientes, vale a pena conhecer pelo menos alguns dos tipos de pães mais comuns aqui na capital. Buon appetito!
Rosetta: obviamente, o nome lembra uma rosa. Pão com pouco miolo e bem levinho.
Tartaruga: Bem parecido com a forma da rosetta, mas a sua calota lembra a carcaça da tartaruga.
Ciabatta (chinelo): Pão mais achatado e comprido
Filoncino: Pão mais compridinho
Sfilatino: compridinho
Ciriola: aquele que na forma lembra o nosso pãozinho
Panini al latte: pão de leite
Panini all’olio: pão cuja massa contém azeite
Pane casereccio: Pão tipo caseiro
Pane sciapo: pão sem sal
Pane a lievitazione naturale: pão fermentado naturalmente
Pane de Genzano: Pães típicos da zona dos castelos romanos
Pane di Lariano: pão produzido na cidade de Lariano, na província de Roma
Pizza bianca: a crocante pizza em pedaços que os romanos costumam comer na hora do lanche, pura ou recheada de mortadela
Fonte: http://post-italy.com/tipos-de-paes-na-italia/
Fonte das figuras: http://post-italy.com/tipos-de-paes-na-italia/
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