segunda-feira, 2 de abril de 2018

(2016) CAMINHOS DO AGRO: COMO O CAFÉ É PRODUZIDO?


Maior produtor de café do mundo, o Brasil deve colher 51 milhões de sacas do produto na safra de 2016 


O Brasil é o maior produtor de café do mundo. Dados do Informe Estatístico do Café, produzido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, mostram que o País responderá por 34,64% da colheita mundial nesta safra. Segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra de 2016 vai atingir 51 milhões de sacas de 60 quilos, uma produção 14,5% maior do que a safra do ano passado. Mas, além da importância econômica, o café é uma paixão nacional e a bebida está presente na rotina diária dos brasileiros.   

Para chegar à xícara, o café passa por um longo e complexo processo de produção que envolve plantio, colheita do fruto do café, secagem, moagem e torra. De acordo com Aldir Alves Teixeira, doutor em agronomia e especialista em qualidade do café da torrefadora italiana illycaffè, existem duas espécies de café, o café arábica ou o canéfora, também conhecido pelos nomes de robusta e conilon. “O arábica é o que tem condições de produzir café de alta qualidade. O robusta é mais amargo, adstringente, não tem aroma e tem o dobro de cafeína”, diz. Essas variedades de café geram bebidas com sabores diferentes, porém, o modo de produção segue os mesmos processos.   Conheça as etapas que o café passa para ir do cafezal a xícara do consumidor.   

1 – PLANTIO

 A semente tem que ser selecionada de acordo com a variedade que se quer plantar. “Ela não pode ter mais do que seis meses de vida, porque o poder germinativo do café é muito curto”, afirma o pesquisador. O grão é plantado em pergaminho, isso significa que são colocados em saquinhos plásticos adequados ao plantio e plantados em viveiros. Depois a muda é plantada e o cafeicultor aguarda a formação do cafezal, até que a planta atinja a idade adequada para a produção de café.   

2 – FLORADA

Geralmente as floradas acontecem nos meses de setembro e outubro. Depois que o cafezal é implantado, a primeira florada leva dois anos para acontecer. Ela constitui a fase em que o cafezal produz flores que, em seguida, se transformam nos frutos do café.     

3 – COLHEITA

O grão de café pode ser obtido de três maneiras. A mais comum é o café natural, quando o fruto é colhido por inteiro e deixado para secar. A segunda maneira é o café descascado, no qual se retira a polpa, mas deixa a mucilagem e só então o grão é posto para secar. A terceira é a despolpa, em que a casca e a mucilagem do fruto são retiradas por fermentação. Para produzir o café por fermentação é necessário que a colheita seja à dedo, selecionando frutos no mesmo estágio de maturação, mas essa forma de colheita não existe no Brasil.   No Brasil, são produzidos apenas o café natural e o descascado, por causa dos tipos de colheita executados no País, que obtém os frutos em diferentes estágios de maturação. “Os estágios de maturação do fruto são classificados como verde, cereja ou passa, em referência a coloração do fruto nessa fase”, conta o pesquisador. “O melhor período de colheita é quando o fruto está maduro na árvore, de junho a agosto. O ideal é colher quando tiver o maior número possível de frutos do tipo cereja”, conta Teixeira.   Existem três tipos de colheita, por derriça, mecânica, ou a dedo, mas no Brasil só se colhe das duas primeiras maneiras. Colher por derriça significa retirar todos os frutos do cafeeiro, sem seleção, puxando os frutos de uma só vez do galho e uma lona no chão impede que os frutos tenham contato direto com o solo. Já a colheita mecânica significa utilizar uma máquina colheitadeira  capaz de retirar os frutos da planta. 

4 - LAVAGEM

Após a colheita, os frutos do café não podem ficar armazenados no campo, nem devem ser cobertos com lona. O fruto é composto por 65% de água e tem muito açúcar, o que faz dele muito sensível à temperatura e umidade. Portanto, se o fruto for abafado, vai esquentar e fermentar, condição que estraga o café. O produtor tem no máximo até seis horas para levar os frutos do café para a etapa de lavagem.   A primeira separação dos grãos é feita no lavador, que separa o café pesado do leve a partir da água. O leve é o café escuro, que boia. Já os cafés cereja e verde, que têm a mesma densidade, não boiam. Nesse caso eles são separados posteriormente, numa máquina de pressão.   

5 – SECAGEM

Para a produção de café natural, o produtor deixa o fruto (com casca e polpa) no terreiro para secar naturalmente, sendo que a secagem correta do café depende do revolvimento dos frutos durante todo o dia, sem parar, depois o produtor vai enleirando a produção em camadas mais grossas à medida que o café seca. Ou o fruto pode passar por secador. Para a produção de café descascado, o produtor utiliza equipamentos que descascam o fruto e depois o café segue para o terreiro ou secador. O ideal é que os grãos fiquem na secagem até atingirem 11% de umidade, o que garante a produção de grãos de qualidade e sem manchas.   

6 – ARMAZENAMENTO

Depois de secos, os grãos são colocados em tulhas de madeira e devem ser guardados em ambiente escuro, sem umidade ou temperatura elevada. O café pode ficar armazenado pelo tempo que o produtor quiser, mas o ideal é que em até 40 dias o café seja enviado para o processo de beneficiação. “Os grãos ficam no armazém geral, onde são preparados para serem comercializados internamente ou exportados. Nessa fase já estão prontos para a exportação”, afirma o pesquisador.

7 – TORRA

O tipo de torra depende do destino final do café. O torrador deve estar em média a 220°C e os grãos devem ser virados até atingir o ponto ideal de torra, quando são retirados do torrador e resfriados rapidamente, com ventilação, para que a combustão termine e não corra o risco do café ficar queimado. Alguns fabricantes embalam o produto nesta etapa e vendem o café em grãos torrados, sendo que a moagem é feita pelo cliente   

8 – CLASSIFICAÇÃO/BENEFICIAMENTO

Os cafés são classificados por tipos ou defeitos, segundo uma tabela oficial de classificação do Brasil. Existem sete valores nos quais podem se adequar, do tipo 2 ao tipo 8, que significam a quantidade de defeitos que o café apresenta. Quanto menor o valor, menos defeitos o café terá. “Na illycaffè, não aceitam grãos com mais do que o tipo 3, que são até 12 defeitos”, afirma o pesquisador.   Os defeitos são características que afetam a qualidade, por exemplo, grãos imaturos, quebrados ou “chochos”. Entre esses defeitos, existem os chamados “defeitos capitais”, mais graves, compostos pelos grãos pretos, preto-verde, ardido e verde, que não são aceitos pela marca. O café também pode ser classificado por aspecto de seca visual, que analisa se foi bem seco e não tem manchas, porque quando o fruto não é secado corretamente, a umidade deixa manchas brancas no grão. Também são analisados teor de umidade, tamanho dos grãos, peneira, forma, torra e cor do grão.

9 – MOAGEM

O produto mais comercializado é o café torrado e moído. Depois de torrados, os grãos passam por moedor para serem transformados em pó. Antes de embalar, é preciso dar um tempo para o desprendimento de gás carbônico que sai dos grãos. “Isso serve para evitar que o saquinho inche. Outra maneira é tirar o ar injetando um gás inerte e, por fim, embalar a vácuo”, explica Teixeira.     

10 – CRIANDO OS SABORES

O mercado valoriza blends de café. Isso significa uma mistura de diferentes tipos de grãos, como uma receita composto por tipos diferentes de café. O ideal é que o resultado final tenha corpo, doçura, aroma, boa acidez e boa amargura, mas de maneira equilibrada. O blend da illycaffè é uma composição de cafés de alta qualidade, que mistura cafés do Brasil com cafés de outros países. “O café brasileiro tem tons de chocolate, doçura e corpo e é misturado com cafés estrangeiros que têm aromas especiais, como os florais, despolpados e produzidos em grandes altitudes”, explica o pesquisador Aldir Teixeira.

11 – TESTE DE SABOR

O sabor do café produzido é testado na prova de xícara. São colocados 10 gramas de pó para 100 mililitros de água, que são experimentados por um especialista. Na illycaffè, os especialistas também fazem a prova do espresso. Teixeira explica que o espresso é um amplificador do sabor e ressalta as características do café produzido. Para saber se o café é bom ou não, precisa ser tomado puro, sem adição de leite ou açúcar. “Se um tempo depois de tomar ficar um gosto agradável na boca, ele é bom. Se ficar um gosto forte e ruim, o café é de má qualidade”, ele afirma.


Fonte:
https://sfagro.uol.com.br/caminhos-agro-cafe/

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