Fonte Imagem: https://cantinhodena.com.br/2022/05/a-brasileira-cafeteria-tradicional-em-portugal
Existem lugares que passam a ser ícones de algumas cidades, o café A Brasileira é um exemplo disso em Lisboa. Porém não é apenas na capital do país que a cafeteria é parada quase que obrigatória mesmo para quem não aprecia a bebida, já que sua história já faz parte de Portugal.
Assim como na capital, A
Brasileira também ilustra as ruas de Braga, Porto e Coimbra. Estivemos nas
duas primeiras, portanto vamos falar sobre elas mais adiante.
A priori, vale a pena comentar
brevemente sobre Adriano Telles, fundador da cafeteria e amante do café.
O FUNDADOR DO CAFÉ A BRASILEIRA – ADRIANO TELLES
Adriano Soares Teles do Vale
nasceu na Casa de Cima d’Aldeia, Alvarenga no então distrito de Arouca na
região metropolitana do Porto. Ainda na juventude, veio morar no
Brasil e posteriormente casou-se com uma mineira filha de fazendeiros.
Abriu um estabelecimento
chamado Ao Preço Fixo onde fazia câmbio e negociava produtos
agrícolas, especialmente o café, produto que futuramente começou a exportar
para Portugal e o tornou um homem rico no séc. XIX.
Ainda no Brasil chegou a ser
vereador da cidade onde morava.
No início do séc. XX, o então
próspero comerciante de café retornou ao seu país de origem já que sua esposa
estava doente. Foi quando começou com as “Brasileiras”, passou de produtor a
importador de café do Brasil com pontos de venda do produto. Começou no Chiado
e Rossio em Lisboa, mais tarde no Porto, Braga e Coimbra.
Porém, Adriano Teles era um
apreciador da cultura, principalmente música e pintura. Com o propósito de incentivar
e difundir a cultura na cidade onde morava, criou a Banda de Alvarenga sendo o
financiador dos primeiros instrumentos.
Em 1908, Adriano fez uma reforma e
tornou A Brasileira uma cafeteria como conhecemos hoje.
″ Na década de 20 as figuras
populares de Lisboa eram frequentadores dos cafés e dizia-se em tom de
brincadeira que a vida nacional girava a volta de uma chícara. O local
era frequentemente palco de discussões acesas algumas com cenas de pancadaria
envolvendo arremesso de xícaras e cadeiras.
Almada Negreiros e José de
Bragança protagonizaram uma dessas cenas na sequência de uma discussão sobre a
ordem dos painéis expostos nas paredes. E ainda, Maria Vitória imortalizou
esse momento no famoso Fado do 31 quando cantou vestida de chapéu e traje masculino.″
Texto tirado de um display de
papel que estava em nossa mesa.
A BRASILEIRA EM LISBOA
Então deu pra perceber que a
trajetória de vida de Adriano Teles já traz boa parte da história do A
Brasileira, o famoso café de Lisboa.
O PRÉDIO
O café funciona num edifício na
Rua Garrett, em frente ao Largo do Chiado. Uma exuberante estrutura em ferro
forjado produzida entre 1922 e 1923 chama atenção da fachada. A decoração em
geral é bem típica do que se via em outros estabelecimentos comerciais nas
primeiras décadas do séc. XX destacando-se elementos Art Nouveau.
O arco da fachada em mármore é
ornado com bases decoradas com florões com friso também da mesma pedra. Do lado
esquerdo uma figura feminina e do direito uma masculina, as duas envolvidas por
folhagens.
Máscaras humanas rodeadas por um
pendente de cachos de uvas arrematam as portas laterais com o nome do café em
destaque no topo junto com o medalhão central com a marca.
Um salão retangular forrado com
painéis de madeira e espelhos, um balcão e uma escada do lado oposto que dá
acesso ao andar inferior, formam o andar térreo da cafeteria. Um grande relógio
retratando uma máscara humana está na passagem do salão para a cozinha.
Obras de pintores renomados,
outrora frequentadores do café, estão pelas paredes e completam a decoração do
salão.
O edifício do café A
Brasileira foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 1997
devido ao programa arquitetónico exterior e ao importante lugar simbólico que o
espaço ocupa na história cultural e social da cidade de Lisboa.
POR QUE FERNANDO PESSOA FOI HOMENAGEADO?
Como foi dito anteriormente, o
café era um reduto de cultura, dessa forma já dá pra imaginar que não foi por
acaso que Fernando Pessoa foi homenageado com uma estátua na calçada correto?
O famoso escritor era frequentador
assíduo do café como também tinha parte de sua origem familiar lá em Alvarenga,
terra natal do então dono da cafeteria.
Dito isso, não podemos deixar de
deixar registrado que A Brasileira do Chiado foi o primeiro museu de arte
moderna em Lisboa, sabia disso?
UMA CURIOSIDADE
Sabe o que significa o termo bica?
Nada mais é do que a forma abreviada de dizer “beba isso com açúcar“.
Esse termo surgiu lá no café do
Chiado sabia? Pois é, o cliente do ca’e A Brasileira era incentivado
a tomar café com açúcar (que não era uma novidade na época) para terem uma
sensação mais agradável e torná-los mais assíduos fazendo da bebida um hábito e
um ritual.
Porém há quem diga que o termo
veio do fato do café ser servido na xícara diretamente das torneiras (bicas)
das máquinas onde era feito, já que havia clientes que achavam que a passagem
do café para a cafeteira e depois para a xícara alterava o sabor da bebida.
POR FIM, VAMOS À NOSSA EXPERIÊNCIA NO CAFÉ A BRASILEIRA DO CHIADO
Fomos tomar café da manhã,
preferimos ficar uma mesa na calçada para vermos o vai e vem de pessoas, do
elétrico, dos carros, enfim, sentirmos a energia do lugar.
Pedimos um Menu Chiado que
vem com croissant com queijo e presunto, ovos mexidos, fruta e suco de laranja
natural, acrescentamos 2 cafés e ficamos muito satisfeitos.
Pagamos 12,50€. As frutas do menu
form laranja, morangos, kiwi e abacaxi
Endereço: R. Garrett 122, 1200-273
Horário: Diariamente das
8:00h à 00:00h
A BRASILEIRA EM BRAGA
A cafeteira fica no Largo Barão de
São Martinho no centro histórico de Braga. É o café mais antigo da cidade e um
lugar sempre muito movimentado por turistas de todas as partes do mundo como
também por moradores.
A elite bracarense era o grupo
sempre presente no início do café A Brasileira, que foi fundado em 1907, época
em que o uso da gravata era exigido para entrada. O café servido era importado
do Brasil.
Ainda hoje os turistas param para
experimentar o café que é moído na hora e traz todo o sabor especial para os
amantes da bebida, especialmente o ‘café de saco’ e ‘mazagran de café’, que são
especialidades da casa.
Todavia A Brasileira passou
por várias administrações. Inicialmente Adolpho de Azevedo, que foi vice-cônsul
do Brasil em Braga esteve á frente da cafeteria por 30 anos. Em seguida, Mário
Joaquim de Queirós assumiu pelos próximos 40 anos.
Quando chegou a vez de mais um
proprietário, Joaquim Domingos Goldinho, até que em 2004 Armindo Pinheiro de
filho assumiram e estão tocando o barco até os dias de hoje. Em 2008 fizeram
uma reforma o café ganhou dois novos espaços no primeiro piso mantendo o mesmo
glamour do salão principal.
Assim como em Lisboa, nos
acomodamos numa mesa do lado de fora. Em Braga a estrutura é bem diferente, as
mesas são dispostas diretamente na calçada e há muitas delas.
Era final da manhã, o que seria
inicialmente um lanche foi nosso almoço, pois só jantamos mais tarde, o que
comemos no A Brasileira nos deixou satisfeitos. Pedimos pudim Abade
de Priscos (receita típica de Braga) que estava uma delícia e uma fatia de
Tarte de Limão, igualmente deliciosa. Bebemos café espresso e macchiato.
Endereço: Largo do Barão de
São Martinho, 17
Horário: De segunda à sábado
das 8:00h à 00:00h, aos domingos, das 8:00h às 20:00h.
E aí, A Brasileira é ou
não um ícone português? Mesmo quem não aprecia tomar café, deve entrar nas
cafeterias para conhecer, os prédios são históricos e com uma arquitetura e
decoração que valem pena ser apreciadas.
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