terça-feira, 25 de agosto de 2020

JUIZ DE FORA E SEU DESENVOLVIMENTO COM O 'OURO VERDE'

O período de maior crescimento de cidades, em toda a História do Brasil, corresponde à época do ouro em Minas Gerais, no início do século XVIII. Antes, era difícil a criação de uma rede urbana, pois havia restrito comércio colonial, uma pequena vida cultural e grandes dificuldades de comunicação e transporte entre as pessoas. 

Por volta do ano de 1703, foi construída uma passagem de circulação chamada "Caminho Novo"² a qual localizava-se à margem esquerda do rio Paraibuna, nada existia do lado direito do rio, somente mata fechada.

Garcia Paes Leme foi quem conseguiu, com sucesso, cumprir a difícil tarefa de abrir esta passagem a qual ligava a região das minas ao Rio de Janeiro, facilitando o transporte do ouro e evitando que este fosse contrabandeado e transportado por outros caminhos sem o pagamento dos altos tributos, que incidiam sobre toda extração. A abertura desse caminho contribuiu assim para que surgisse o povoado de Santo Antônio do Paraibuna. Mais tarde o povoado se tornaria a cidade de Juiz de Fora.

Às margens do Rio Paraibuna surgiram diversos ranchos, hospedarias e postos oficiais de registro e fiscalização de ouro, que era transportado em lombos de mulas. Em torno deles, aos poucos, criaram-se roças e povoados que na Zona da Mata mineira, deram origem a cidades como Borda do Campo (Barbacena), João Gomes (Santos Dumont) e Santo Antônio do Paraibuna (Juiz de Fora). 

O Caminho Novo passava pela Zona da Mata Mineira e, desta forma, permitiu maior circulação de pessoas pela região, que, anteriormente, era formada de mata fechada, habitada por poucos índios das tribos Coroados e Puris.

Às suas margens surgiram diversos postos oficiais de registro e fiscalização de ouro, que era transportado em lombos de mulas, dando origem às cidades de Barbacena e Matias Barbosa. Outros pequenos povoados foram surgindo em função de hospedarias e armazéns, ao longo do caminho, como o Santo Antônio do Paraibuna, que daria origem, posteriormente, à cidade de Juiz de Fora.

Nesta época, o Império passa a distribuir terras na região, para pessoas de origem nobre, denominada sesmarias, facilitando o povoamento e a formação de fazendas que, mais tarde, se especializariam na produção de café. Em 1853, a Vila de Santo Antônio do Paraibuna é elevada à categoria de cidade e, em 1865, ganha o nome de cidade do Juiz de Fora.

Este nome tão característico - Juiz de Fora - gera muitas dúvidas quanto a sua origem. Na verdade, o Juiz de Fora era um magistrado, do tempo colonial, nomeado pela Coroa Portuguesa, para atuar onde não havia Juiz de Direito. 

Alguns estudos indicam que um Juiz de Fora esteve de passagem na região e hospedou-se por algum tempo numa fazenda e que, mais tarde, próximo a ela, surgiria o povoado de Santo Antônio do Paraibuna.

Casa em que morou o "juiz de Fora"

Até 1808 Santo Antônio do Paraibuna não havia se desenvolvido. Nesta época, o Império passa a distribuir terras (sesmarias) na região para pessoas de origem nobre, facilitando o povoamento e a formação de fazendas que, mais tarde, se especializariam na produção de café.

Em 1850, as terras ao longo do rio Paraibuna (Santo Antônio do Paraibuna) foram elevadas à categoria de vila, emancipando-se de Barbacena e formando um município. A elevação à categoria de cidade ocorreu quinze anos depois, quando foi adotada a denominação de Juiz de Fora. 

O príncipe D. João VI, após ter recebido de Moçambique grande quantidade de sementes e mudas de café, convocou ao palácio real nobres, sesmeiros e proprietários da extensa região agrária, estimulando-os ao cultivo da rubiácea.

Nos remetendo à vila de Santo Antônio do Paraibuna, entre os convocados de sua majestade, estava o coronel de Milícias José Inácio Nogueira da Gama, possivelmente o maior latifundiário da região, proprietário da fazenda São Matheus.

O Cel. fez canteiros de café em sua fazenda e obteve grande sucesso, chegando a ter 22 anos mais tarde, 400 mil pés da planta. Localizada a 16 Km do centro da atual Juiz de fora a fazenda São Mateus é, provavelmente, a mais conhecida da região. Sua construção data o final do século XVIII. 

Confirmando o narrado na 1° parte, percebemos a vantagem da vinda de D. João VI ao Brasil, já que contribuiu para o desenvolvimento da região do Caminho Novo dos Campos das Gerais, tornando esta área, em pouco tempo, num dos pontos da mais alta importância política, econômica, cultural e social do centro sul do Brasil.

Santo Antônio do Paraibuna passa a vivenciar um processo de grande desenvolvimento econômico proporcionado pela agricultura cafeeira que se expandia pela Zona da Mata Mineira, dando origem a formação de outras várias fazendas.

Fato curioso é que para trabalhar no cultivo cafeeiro necessitava-se da mão de obra escrava e em Santo Antônio do Paraibuna por volta de 1855 existiam mais escravos que homens livres (quatro mil escravos para dois mil homens livres), numa média de cem escravos por fazenda. Em Minas Gerais se destacavam Santo Antônio do Paraibuna (Juiz de fora) e Leopoldina pela quantidade de escravos.

Outras fazendas ganharam destaque na região como: as fazendas Ribeirão das Rosas, Matosinhos, da Tapera, do Montebelo, da Cachoeira, Vista Alegre, Palmital, São Fidélis e a fazenda Passo da Pátria atualmente uma das poucas que recebem visitação. Localizada na Estrada Juiz de Fora-Bicas, BR 267 a aproximadamente 16 km do centro de Juiz de Fora.

Se destacou como grande produtora de café, sua construção é da segunda metade do século XVIII e ainda se mantém 100% original. Na senzala ficava um tronco utilizado para punir os escravos desobedientes, o gozado é que este tronco ficava logo abaixo da capela, em cima as pessoas rezavam e embaixo as mesmas maltratavam. A sede é cercada de muita terra e um grande terreiro de secagem de café. Mais de cem homens já trabalharam no local que, nos tempos áureos, tinha também um despolpador e um enorme galpão de armazenagem. Anualmente eram colhidas cerca de 14 a 20 mil arrobas de café.

Segundo a proprietária do local, engenheiros analisaram a fazenda e verificaram que os erros de construção são aceitos na engenharia dos tempos modernos. Interessante como conseguiram fazer uma construção bem feita se naqueles tempos não havia a tecnologia avançada!

Hoje como há 200 anos atrás pelo menos uma vez no mês a sede é aberta para a celebração de uma missa que reúne a comunidade local.

Na fazenda existe uma cachoeira chamada "Marimbondo", segundo a proprietária, no local havia muitos marimbondos, já que no passado a cachoeira era cercada por mata fechada. Atualmente a cachoeira por si só atrai visitantes.

Cabe destacar outras fazendas históricas do município, como a Fazenda Floresta e a fazenda Ribeirão das Rosas. Esta última erguida em 1752 pela família do inconfidente Domingos Fidal Barbosa, a segunda construção de Juiz de fora foi destaque na produção de café. A casa já abrigou D. Pedro I em suas viagens pelo Caminho Novo e serviu também como posto fiscal de ouro. Dizem que a estrada passava por debaixo da sede. O prédio é administrado pelo exército desde 1957 e foi tombado em 2001. Localiza-se na Estrada Ribeirão das Rosas, no bairro Barbosa Lage.

Já a Fazenda Floresta está, há mais de 150 anos nas mãos da família Assis. A sede começou a ser construída em 1850. A fazenda por muitos anos esteve voltada para a produção cafeeira. Na mesma época na fazenda se encontrava uma fábrica têxtil, construída por Teodorico de Assis.

Centenas de colonos, divididos entre as 160 casas ao longo da fazenda, se dividiam na produção de tecido. Ainda se encontram no local a antiga senzala, algumas das casas dos colonos e a tulha, onde era armazenado o café. Os terreiros de secagem também foram mantidos. No local encontra-se também em perfeito estado de conservação, uma máquina debulhadora de café datada de 1910. A fazenda Floresta foi visitada por pessoas ilustre entre elas o ex-presidente Getúlio Vargas e o ex-governador de Minas Gerais Olegário Maciel, em 1930.

Com o apogeu do café, a região de Santo Antônio do Paraibuna se desenvolveu a tal ponto que o primitivo Caminho Novo – que era um "arrastão" – precisava ser substituído por estradas de rodagem. O lombo de burro devia dar lugar a carros de transporte. 

Nesse sentido iniciou-se a estrada de rodagem "Estrada do Paraibuna", atual Avenida Barão do Rio Branco, cujo projeto é datado de 1836, sendo construída pelo engenheiro Henrique Fernando Halfeld, em convênio com o governo da província. Até o estabelecimento do contrato e o início da abertura da Estrada do Paraibuna. Nada existia do lado direito do rio Paraibuna, tudo se localizava no lado esquerdo, o lado do Morro da Boiada, hoje bairro Santo Antônio.

Avenida Rio Branco em 1928

Menos de trinta anos depois, com o objetivo de facilitar o escoamento do café, assim como o transporte de passageiros, foi inaugurada a estrada de rodagem União Indústria, em 1861. O evento contou com a presença de D. Pedro II e sua família, entre outros membros do governo imperial. 

Por iniciativa de Mariano Procópio, esta considerada a primeira via de transporte rodoviário do Brasil foi construída com o aproveitamento de vários trechos da Estrada do Paraibuna. Mariano Procópio construiu desvio do centro da cidade, ao atingir o largo do Riachuelo, mudando o rumo da estrada, traçando uma reta de 1km, hoje a Avenida Getúlio Vargas.

A Estrada União Indústria, possui 144 Km de Petrópolis a Juiz de fora, objetivou-se também encurtar a viagem entre a corte e a província de Minas. Para sua construção foram contratados engenheiros e técnicos alemães. Para essas pessoas, Mariano cria um núcleo colonial voltado para a produção de gêneros agrícolas, dando origem a colônia dom Pedro II, composta por 1162 imigrantes alemães. Essa colônia não conseguiu se manter por muito tempo, levando muitos colonos a abandonar suas terras e irem em direção à cidade, afim de trabalharem nas indústrias. 



Pouco tempo depois a cidade conheceria um tipo de transporte que começava a ser implantado país afora, o transporte ferroviário.



¹ O início do desenvolvimento do município de Juiz de fora se deu com a produção do café (ouro verde). 
² O caminho velho ligava a região das minas à Parati.



Fonte:
http://www.jfminas.com.br/portal/historia/juiz-de-fora-e-seu-desenvolvimento-com-o-ouro-verde
http://www.acessa.com/turismo/arquivo/pontosturisticos/2006/11/10-cidade/historia.php
Fonte das Figuras:
http://www.acessa.com/turismo/arquivo/pontosturisticos/2006/11/10-cidade/historia.php
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Avenida_Rio_Branco,_Juiz_de_Fora_(1928).JPG
http://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2014/07/ufjf-recebe-exposicao-sobre-estrada-uniao-e-industria.html



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