Onde o mineiro estiver ele carrega consigo as nossas identidades.
Seja no jeito de falar, de e expressar ou nos gostos, principalmente,
culinários. Em termos de comida, o mineiro é exigente. (na foto abaixo do
Deocleciano Mundim uma tradicional venda antiga em Lagoa Formosa MG. A venda
ficou mais atraente ainda com o velho orelhão da Telemig e duas bicicletas bem
antigas)
O mineiro sabe
perfeitamente identificar um queijo mineiro de verdade. Se o pão de queijo não
é de Minas Gerais, só de olhar ele já sabe. Nem precisa experimentar. Se a
comida é realmente mineira, feita de acordo com as tradições culinárias de
Minas, ele percebe facilmente. Isso se chama identidade com Minas Gerais, coisa
que só mineiro entende. Está na alma mineira.
Quem é mineiro é facilmente identificado por essas identidades.
UAI
Dificilmente
mineiro não fala Uai, mesmo o mais erudito dos mineiros, vez ou outra deixa
escapar um uai. Isso porque o Uai está na nossa raiz, na nossa origem, no nosso
mineirês desde o século 19. Uai é nossa identidade. Mineiro que se preze e
valoriza suas origens, fala uai com muito orgulho.
TREM
Em Minas trem é
tudo e tudo é um trem, mas um trem não é literalmente, um trem. Pode ser uma
comida, uma rua, uma casa, uma roupa, uma árvore, um ônibus, um carro, um
avião, um computador... Em Minas a palavra trem significa tudo que o mineiro
gosta, não gosta ou não sabe bem o que é. (foto acima de César Reis)
QUEIJO
Queijo corre
nas veias do mineiro desde o século 18. É tradição mineira fazer queijo. Seja
fresco o curado, no café ou no preparo das quitandas, mineiro, Minas e queijo
tem tudo a ver. (foto do Queijo Roça da Cidade de São Roque de
Minas/Divulgação)
PÃO DE QUEIJO
Do queijo
surgiu uma das mais deliciosas quitandas do mundo. O nosso pão de queijo.
Mineiro nunca fala “pão de queijo mineiro” porque o pão de queijo é mineiro. Se
existe outro tipo de pão de queijo sem ser o mineiro, é cópia mal feita. O
mundo todo sabe que pão de queijo é de Minas Gerais, a mais fina identidade
mineira, tão importante quanto nosso uai. Falou em Minas, vem logo à mente, pão
de queijo. (Foto acima de Regina´s Farm/Fazendinha da Regina)
BISCOITO DE QUEIJO
Só perde para o
pão de queijo em termos de tradição e identidade mineira. Qual mineiro não
gosta de biscoito? O preferido e tradicional é sem dúvida o biscoito de queijo.
Com café coado à beira do fogão, num coador de pano... Hum... nem se
fala.
FOGÃO A LENHA
No interior
mineiro o fogão a lenha ainda está presente nas cozinhas, como há séculos.
Dizem que não existe unanimidade, mas em se tratando de fogão a lenha, com
certeza, todos afirmam que a comida tem um sabor diferente da feita no fogão a
gás. É sem dúvida, a comida mais gostosa. Essa é a única unanimidade que eu
conheço. Ainda mais aquela comida feita em panelas de ferro ou de pedra sabão.
A figura do mineiro proseando a beira de um fogão a lenha é real, tradicional e
comum até os dias de hoje no nosso interior, seja na zona rural ou na cidade.
Na minha casa na cidade, tenho fogão a lenha e forno de barro.
FORNO DE BARRO
Por falar em
forno de barro, esse não falta nos quintais dos sítios e fazendas de Minas. Na
cidade também. Para assar broas, pão de queijo, biscoitos, roscas e rosquinhas
são os preferidos. Junto com o fogão a lenha, é nossa identidade gastronômica,
valoriza nossa rica culinária e nosso jeito mineiro de ser. (foto acima de
Nilza Leonel)
ARTESANATO MINEIRO
A vocação
mineira pelas artes vem desde os tempos antigos e o talento mineiro para o
artesanato é reconhecido internacionalmente. O artesanato mineiro é uma das
mais importantes identidades de Minas Gerais, principalmente o artesanato em
barro do Vale do Jequitinhonha, na foto, de Ernani Calazans, artesanato da
artesã Alice Costa, de Minas Novas, que dá identidade a Minas e ao
Brasil.
NAMORADEIRA DE JANELA
Nos tempos
antigos as moças mineiras que queriam se casar, não saiam para as ruas ou
bailes para procurar pretendentes. Era tradição ficar encostada nas janelas de
suas casas a espera de um bom pretendente. Se o rapaz se interessasse pela
moça, procurava o pai e pedia a dama em namoro. A arte replicou essa tradição
do século 19 em Minas, criando as famosas namoradeiras de janela, hoje
decorando janelas de boa parte das casas mineiras. (foto acima de Sônia
Fraga em Ouro Preto MG)
PANELAS EM PEDRA SABÃO
Pedra sabão é
uma rocha abundante em Minas, principalmente na região do quadrilátero
ferrífero, onde está Ouro Preto e Ouro Branco, onde se concentra boa parte das
rochas de pedra sabão no Brasil. Além do artesanato variado que a pedra sabão
origina, as panelas feitas com a rocha estão presentes nas cozinhas mineiras
desde os tempos do Brasil Colônia. São panelas maravilhosas, perfeitas para o
cozimento e o sabor da comida é outra coisa. Deliciosa mesmo. (foto acima
do Chico do Vale)
ORATÓRIO
Antigamente
existiam muitas comunidades rurais e os padres tinham dificuldades em dar
atenção a todos. A fé e religiosidade do povo mineiro sempre foram fortes e
mesmo na ausência da Igreja em suas comunidades, não deixavam de manifestar sua
fé. Assim surgiram as rezas semanais do terço, cada semana numa casa diferente,
onde todos da comunidade compareciam, já que não tinha como ter missa todos os
domingos. Em cada casa tinha um pequeno oratório, onde as famílias rezavam. A
prática de ter um oratório em casa existe até os dias de hoje. Faz parte das
tradições mineiras e demonstração de fé do nosso povo. A simplicidade da fé e
religiosidade do mineiro é uma forte identidade mineira. (foto acima de
Ane Souz no Museu do Oratório de Ouro Preto MG)
CARNE NA LATA
Conservar a
carne do porco na banha é uma prática existente em Minas desde o final do
século XVII. Com a chegada dos bandeirantes ao território mineiro, em busca de
ouro, surgiu a necessidade de armazenar alimentos, já que o território era
imenso e as viagens longas. Assim surgiu a carne na lata, presente até os dias
de hoje em nossas mesas, não por falta de geladeira para conservar as carnes,
mas porque é uma das nossas identidades e a carne armazenada na lata na banha é
muito saborosa. (fotografia acima de Nilza Leonel)
Outro costume que hoje quase ninguém se lembra, era a forma de gelar cerveja no
século passado. No interior mal tinha energia elétrica naqueles tempos, quem
dera geladeira. Mas tinham quem não dispensava uma cervejinha de vez em quando.
A forma de mantê-la fria era bem simples. Pegavam as garrafas e as enterravam
nos bancos de areia às margens dos rios e ribeirões. Assim elas ficavam frias e
dependendo da época, como no inverno, bem geladas. Interessante não?
SINO
Mais de 70% do
patrimônio histórico nacional está em Minas Gerais, principalmente igrejas. São
milhares de igrejas por todo o estado. As igrejas mais antigas têm duas torres,
cada uma com um campanário para sino. As mais modernas, uma torre apenas. Isso
fez com que nosso estado fosse considerado a terra dos sinos. Tocar sino é uma
arte. O sineiro é um artista que entende e muito de música. O badalar dos sinos
é Identidade mineira e a profissão de sineiro, valorizada e reconhecida. Tanto
é que o badalar dos sinos em Minas é Patrimônio Imaterial do Estado,
reconhecido pelo Iepha. (foto de César Reis em Tiradentes MG)
QUEIJO COM GOAIBADA
Há mais de 200
anos que queijo com goiabada faz parte da nossa identidade. Nossa mais
importante sobremesa. A partir da década de 1960 o Brasil e o mundo passaram a
conhecer melhor nossa sobremesa e foi só provarem para coloca-la no cardápio.
Hoje está presente em todos os cantos do mundo. Há mais de 200 anos que nós
mineiros sabemos disso. O melhor queijo do Brasil com a goiabada mineira é
fenomenal. É a cara de Minas! (Foto acima de Lucas Rodrigues/Queijo do
Dinho de Piumhi MG)
TACHO DE COBRE
A cena de fazer
doces nos tachos de cobres é comum até os dias de hoje nas cozinhas das
fazendas e até em casas na cidade mineiras. Sabe por que a preferência do
mineiro pelo tacho de cobre? Porque ele preserva a cor original da fruta. Ou
seja, o doce de mamão fica verdinho, de laranja da terra, amarelo. O doce de
limão fica da cor do limão. O doce de figo (na foto acima de Lourdinha
Vieira) fica da mesma cor quando os frutos foram colhidos. Por isso que
nossos doces são feitos no tacho de cobre, que além de manter a cor original,
preserva o sabor original das frutas também. Não são a toa que nossos doces
sempre foram considerados os melhores. Pronto, contei nosso segredo.
MANCEBO E COADOR DE PANO
Mancebo é uma
armação maior em madeira ou ferro que sustenta o coador. Nesse caso, o bule é
grande e o coador também. Isso porque as famílias antigamente eram numerosas.
Para as famílias pequenas existe a mariquinha, que é mesma coisa do mancebo,
mas só que bem menor, com um pequeno coador e uma caneca esmaltada, no lugar do
bule. Seja num mancebo ou numa mariquinha, coar café no coador de pano é
identidade de nosso povo do interior, desde os tempos antigos até os dias de
hoje. Em minha casa, na cidade, o café é coado num coador de pano sobre esse
mancebo que vê ai na foto. Sou mineiro, uai!
ESMALTADOS
Bule, chaleira
e principalmente canecas esmaltadas não faltavam nas casas mineiras. Era um
luxo só! Estavam presentes nos currais para tomar leite ao pé da vaca, no bule,
para tomar aquele cafezinho feito na hora. Mesmo hoje com tanta coisa nova, os
esmaltados não saíram de moda e continua sendo sonho de consumo e luxo nas
casas mineiras, usadas até como enfeites. É uma identidade mineira que realça a
beleza da nossa cozinha. (foto acima de Chico do Vale)
VIOLA CAIPIRA
A viola faz
parte da alma mineira, é uma das nossas identidades culturais, presente em
Minas desde os tempos do Brasil Colônia. Presente na vida das famílias mineiras
seja no campo ou na cidade. Uma cena comum e tradicional são as rodas de viola
á beira de uma fogueira, entoando canções que retratam a vida do povo do
interior. Na cidade, era instrumento imprescindível nas românticas serestas ao
luar. Viola é tão importante para Minas que foi reconhecida como Patrimônio
Cultural e Imaterial do Estado de Minas. Viola é a alma musical do mineiro.
DOCE DE LEITE
Minas sempre
foi destaque na produção de leite no Brasil. Atualmente é o maior produtor e
claro, produz o melhor doce de leite. Ainda estamos numa briga danada com os
argentinos, sobre quem inventou o doce de leite. Nós mineiros ou os Hermanos.
Eu tenho certeza que fomos nós, isso faz tempo, desde o século 18 o doce de
leite existe em Minas. Mas deixa essa briga pra lá, o importante é que doce de
leite é uma das mais antigas e fortes tradições da nossa culinária. Saiu das
senzalas das fazendas mineiras para nossa mesa. Doce mineiro é o melhor do
Brasil, sem dúvida e combina perfeitamente com o nosso queijo Minas. Mineiro
sentado numa mesa com queijo e aquele docindileite, tudo a ver.
PANELA DE FERRO
Além da
panela em pedra sabão, outra panela é uma de nossas identidades. É a panela de
ferro fundido. No final do século 19 e início do século 20, os famosos
caldeirões de ferro já dominavam as cozinhas mineiras. Era raro não serem
encontradas nas cozinhas das casas na cidade e das fazendas. As panelas são
resistentes, duram décadas e muitas delas passam de geração a geração. Em Minas
tem famílias que tem essas panelas e caldeirões com mais de 150 anos de uso.
Uma cozinha mineira sem panela de pedra sabão e de ferro, não é cozinha
mineira. Elas dão mais sabor à nossa rica gastronomia e nos identificam.
FESTA DO REINADO
As cores vivas
dos estandartes e das roupas coloridas dos reinadeiros revelam a mais pura
identidade religiosa mineira, já incorporada à vida do nosso povo (na foto
acima em Bom Despacho MG). As comemorações em homenagem a Nossa Senhora do
Rosário, que começa em julho e se estende até outubro, por todas as cidades
mineiras, teve origem no século 18, com o escravo Chico Rei, em Ouro Preto.
Antes uma festa de origem negra, hoje é festa de todo o povo mineiro, expandida
para outros estados brasileiros. As congadas com seus cortes são uma das mais
belas manifestações folclóricas e religiosas de Minas. Uma das mais fortes
identidades mineiras.
GOIABADA CASCÃO
Uma das mais
gostosas identidades mineiras. A receita saiu das senzalas para nossa mesa.
Eles faziam o doce cremoso de goiaba normal, com a polpa da, para os senhores.
E nas cozinhas das senzalas, eles aproveitavam a casca inteira e a polpa e
fazia para si o doce que chamavam de goiabada. Pela grande quantidade de cascas
grandes da fruta que ficavam à mostra no doce, acrescentaram a palavra cascão.
Assim ficou, goiabada cascão, mais apreciada que o doce comum de goiaba. Quer
conhecer a original e única goiabada cascão? Conheça São Bartolomeu, distrito
de Ouro Preto MG (na foto acima, Dona Doquinha, uma das mais antigas
doceiras de São Bartolomeu, batendo a goiabada cascão no tacho). Lá é a terra
desse doce. Experimenta a Cascão com doce de leite mineiro e queijo Minas. É
divino. Mineiro tem bom gosto não é?
LICOR
A bebida é de
origem europeia, veio para Minas Gerais com os portugueses no período do Ciclo
do Ouro. Com a grande quantidade de frutas que existe no Brasil, a bebida logo
caiu no nosso gosto, passando a estar presente em todas as casas mineiras. Nas
salas, as visitas eram recebidas com licor, um sinal de amizade e descontração.
Até os dias de hoje é assim. Licor faz parte da nossa identidade e pelo talento
que o mineiro tem para criar receitas, foi até aprimorado. Além do licor de
frutas tropicais, temos hoje licor de chocolate, café e outros sabores.
BOLO DE FUBÁ ASSADO NA BRASA
Num tempo em
que não existia trigo no Brasil, no início da colonização, o fubá e o polvilho
eram o ingredientes para tudo. Do fubá surgiram várias receitas tradicionais
mineiras, como as broas e o bolo de fubá na brasa. Além do trigo, não existia
fermento, mas existia bicarbonato e fogão a lenha. Não tinha forno de barro
ainda não. A criatividade mineira se sobressaiu. A massa era feita, colocada
numa panela de ferro e ia para o fogão em brasa. Por cima colocavam uma chapa
de ferro e brasa ardente. Quem já experimentou bolo assim sabe o quanto é saboroso.
E o cheiro exala pela casa toda e fica guardado em nossa memória aquele
cheirinho bom. Bolo assado na brasa é uma identidade mineira marcante, pela
delícia que é.
CARRO DE BOIS
Antigamente,
carro de bois era um trem que servia pra tudo. Era carro funerário,
transportava mercadorias, servia de lotação e nas fazendas, era pau pra toda
obra. O ouro de Minas ia para o porto de Paraty em carros de bois. Com o
surgimento da indústria automobilística, foram com tempo caindo em desuso, se
restringindo a poucas atividades nas fazendas. Mas é uma das mais nostálgicas
identidades mineiras, tanto é que todos os anos, praticamente em toda Minas, as
carreadas de carros de bois estão presentes. (foto acima de Wilson
Fortunato)
CAFÉ NO COADOR DE PANO
E por fim,
termino com café porque é minha bebida café. Minas sozinha lidera a produção de
café no Brasil com a qualidade dos grãos reconhecida internacionalmente, com
várias premiações nos principais concurso internacionais de café. (foto
acima de Chico do Vale) A bebida desde o século 18, quando os primeiros
grãos de café foram plantados na Zona da Mata Mineira, virou tradição. É uma
bebida imprescindível no dia a dia do mineiro. Mesmo antigamente, indo pra roça
trabalhar, o mineiro levava seu cafezinho numa cabaça. Hoje leva na garrafa
térmica. Tem uma história que diz que entre paciência e café, o mineiro prefere
a paciência porque se der café a ele, com certeza, vai tomar tudo, de tanto que
adora café.
Texto extraído de: https://www.conhecaminas.com/2019/09/as-principais-identidades-mineiras.html
Fonte Figuras: https://www.conhecaminas.com/2019/09/as-principais-identidades-mineiras.html