A receita do cappuccino “original”
consiste na combinação de três elementos básicos: leite quente, um shot de
espresso e espuma de leite. Na receita italiana clássica, a
espuma de leite se mistura com o café.
Embora existam variações na espuma e nas proporções, essas três partes permanecem as mesmas.
No Brasil, no entanto, a bebida conhecida como “cappuccino” é diferente, preparada com uma mistura composta de café solúvel, leite em pó, cacau em pó e aditivos.
Este artigo do PDG Brasil explora a história de origem do “cappuccino brasileiro”, a evolução dos hábitos de consumo, e o cenário de mercado particular do Brasil.
O que é e de onde vem a mistura de cappuccino em pó?
Nas últimas três décadas, a penetração ascendente do café solúvel e instantâneo no mercado internacional alavancou o desenvolvimento de bebidas cafeinadas produzidas para o preparo independente das máquinas de espresso.
Foi também na década de 1990 que a mistura particular de cappuccino hoje estabelecida no Brasil passou a tomar forma, sendo a adição do cacau em pó a maior característica. Em 1992, o Grupo 3corações lançou o produto no Brasil, e é a marca responsável por estabelecer no mercado brasileiro o perfil de consumo desse segmento de bebidas, que se mantém desde então. Assim nasceu a “história de origem” da associação que faz o brasileiro quanto ao que define as características de um cappuccino no país. Hoje, o mercado interno dispõe de diversas marcas da mistura de cappuccino em pó, como Melitta, Villa Café, Iguaçu, Nescafé, América, Linea, entre outras.
Podemos supor que, por conta dessa
referência, quando chegam em cafeterias, muitos brasileiros querem com
chocolate e canela.
A receita e fórmula química do cappuccino em pó
A composição das misturas de
cappuccino “seco” são produzidas com a base de café desidratado, em formato de
pó, cristais ou grânulos, e solúveis em combinação com leite ou água.
Segundo a ABICS (Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel), os processos de desidratação do café podem ser “spray dried”, aglomerado, ou liofilizado (seco por spray). O processo spray dried produz o café solúvel em pó, por meio de pulverização e exposição a ar quente; o processo aglomerado une pó e vapor, para obter a granulometria desejada, por meio de níveis controlados de pressão; no processo liofilizado ou “freeze dried”, o extrato de café (que tem a forma de um líquido concentrado), é então congelado a -40oC, depois moído, seco a vácuo e processado para atingir a forma sólida.
Pode ser descafeinado ou regular, com misturas de café canéfora e arábica. Quanto aos segmentos, podem ser de cafés solúveis produzidos de forma agrícola convencional ou orgânica.
No Brasil, a mistura de cappuccino em pó encontrada na maioria das fórmulas industrializadas leva café solúvel, leite em pó, espessantes, reguladores de acidez, emulsificantes, cacau e canela, e pode conter essências de baunilha, amêndoa e afins.
“O cappuccino original era uma mistura simples de leite, café solúvel em pó (spray dried), cacau em pó e canela em pó, adoçado com açúcar de mesa. Com o passar do tempo e as evoluções da indústria de laticínios e de café solúvel, incorporamos leites modificados [aqueles com adições de componentes como fermentos, ácidos, açúcares e outras substâncias] e cafés com blends em processos produtivos diferenciados, como 100% arábica e liofilizado (freeze dried), aumentando assim a percepção de cremosidade láctea”, explica Anderson Spada, gestor de marketing do Grupo 3corações.
Preferências Regionais
Anderson revela que a versão de cappuccino em pó mais consumida em território nacional é a de composição clássica. A marca possui um portfólio extenso de variações do produto, como confeitos com sabor chocolate, sabor avelã, e opções de fórmulas diet e light.
Ele conta que o perfil do consumidor brasileiro fidelizado à marca conta com lançamentos constantes de novos sabores. “A maior parte dos consumidores gosta de variedade, principalmente para o consumo caseiro”, o que em tempos de pandemia Covid-19 buscou replicar as bebidas disponíveis em cafeterias.
O mercado internacional e nacional do cappuccino em pó
Não é só no Brasil que o
cappuccino em pó é um segmento significativo no varejo de bebidas solúveis. Nos
Estados Unidos, Europa e Ásia a cultura de consumo é alta, e as marcas líderes
do mercado investem em customizações locais de acordo com as preferências de
cada território.
O cappuccino em pó produzido no Brasil é exportado para o mercado sul-americano. Anderson diz que a demanda de exportação dessa categoria de produto tem crescido, o que levou a empresa a desenvolver adaptações nas fórmulas para corresponder a perfis de consumo específicos. Nesses países, a demanda quanto à consistência da bebida final é a “de um cappuccino com mais cremosidade, mais espuma e maior rendimento”.
Quanto ao mercado internacional, as marcas líderes em produção e exportação (o que inclui o Brasil) são: Lavazza, Nestlé, The Kraft Heinz Company e Starbucks.
Cappuccino à brasileira: uma paixão nacional
No Brasil, o cappuccino em pó é
verdadeiramente uma paixão nacional. Além da grande oferta do preparado em pó
encontrado nas prateleiras, produzido por diversas marcas nacionais, o
brasileiro também é um grande adepto em criar sua própria receita caseira.
Existem mais de 1.000 páginas com receitas indexadas no Google Brasil
referentes aos termos de busca “cappuccino em pó”.
No Google Trends,
uma ferramenta de análise de dados de busca quanto a períodos, frequência de
busca e locais específicos no mundo, “receitas de cappuccino caseiro em pó” e
“receitas de cappuccino caseiro cremoso” são os termos associados mais frequentes
quanto aos hábitos de pesquisa dos brasileiros.
Texto extraído de: https://perfectdailygrind.com/pt/2022/02/17/caseiro-e-em-po-a-curiosa-historia-do-cappuccino-brasileiro/
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