Considerado Patrimônio Cultural da Humanidade desde 2013, pela UNESCO, o Café Turco tem o início de sua história entre os séculos XV e XVI.
Registros árabes do séc XVI contam
que as primeiras Casas de Café em Constantinopla (atual cidade turca de
Istambul) surgiram por volta de 1554 e logo se tornaram uma tendência. Esses
estabelecimentos eram rica e confortavelmente decorados com suntuosos sofás,
tapetes e almofadas. Recebiam intelectuais, amantes de xadrez e outros jogos e
eram entretidos com contadores de estórias. poetas, músicos e dançarinos. Tais
cafeterias cresceram em número e abrigaram membros de diversas classes sociais
e com diferentes interesses – “networking”, ciência, arte e diversão.
A bebida já era um hábito. Os turcos
a consumiam tanto em casa quanto nas cafeterias. Dizia-se que em Constantinopla
se gastava tanto com café quanto com vinho em Paris.
A medida em que o café se
desassociava dos rituais religiosos, as Casas de café – Qahveh Khaneh –
se espalhavam por todo o Oriente Médio. Pequenos estabelecimentos que só
preparavam e vendiam a bebida e até mesmo ambulantes estavam por todos os
lados.
Nenhuma interação social estava
completa sem um café, que era servido em barbearias antes de um corte de
cabelo, por comerciantes antes de qualquer negociação, entre amigos e em
banquetes formais. Não havia sequer uma casa de ricos ou pobres, turcos,
judeus, grecos ou armênios, em que não se tomasse ao menos duas xícaras de café
ao dia.
Não há dúvida que Constantinopla foi
o berço de muitos dos hábitos relacionados ao consumo de café que até hoje
mantemos no nosso dia a dia.
No início, o café era preparado com o
grão inteiro sendo torrado em pratos de metal e depois fervidos em água. Com o
aumento da demanda e com o interesse em se obter cada vez mais uma bebida
melhor, o café depois de torrado passou a ser moído para ser fervido com a
água. Nascia assim o famoso Café Turco que em 2013 passou a integrar a lista de
Patrimônio Cultural da Humanidade, pela UNESCO.
O Café Turco é preparado com o pó de
café finamente moído (pulverizado) com água em um recipiente especial chamado ibrik,
tradicionalmente feito de cobre. A água com o pó é fervida (com ou sem
açúcar) e depois a mistura é colocada numa xícara sem que seja filtrado. Antes
de beber, deve-se esperar alguns minutos para que o pó decante no fundo da
xícara. A bebida é tomada até que se sinta os primeiros traços de pó nos
lábios. Algumas especiarias, como cardamomo, anis estrelado e canela também
podem ser acrescentados para incrementar o sabor da bebida.
Mas a tradição do café Turco não para
por aí. A borra do café que fica no fundo da xícara pode ser usada para a
leitura da “sorte”. Depois que o café é bebido, a xícara é virada ao contrário
no pires para que a borra se espalhe e esfrie. As “imagens” formadas na louça
são então lidas, num processo chamado de Kahve Fali ou
cafeomancia.
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