Ilex domestica, Ilex mate, Ilex
sorbilis, Ilex vestita, Ilex mattogrossensis, Ilex theaezans. Esses são alguns
dos principais registros sob os quais a erva-mate foi batizada nas mais
diversas tentativas de estudar a planta, que hoje é tão presente na cultura e
na gastronomia do sul do Brasil.
Obra de João Leão Pallière, tropa
carregada de mate descendo a serra, cerca de 1860. Foto: Pintores da Paisagem
Paranaense/Reprodução
A planta, que chegou a responder
por 85% da economia paranaense, garantiu uma autonomia financeira que resultou
na sua emancipação política, em 1853. O auge do ciclo da erva-mate foi, também,
“a receita para que o Paraná desse os primeiros passos rumo à industrialização
no século 19, com o beneficiamento e empacotamento da erva visando o mercado
interno e externo”, explica o jornalista e pesquisador Diego Antonelli, autor
de quatro livros sobre a história do Paraná.
Breve história do cultivo do mate
A conexão entre as regiões de Ponta Grossa, Curitiba e Morretes consolidou o que é chamado pelos historiadores de Rota do Mate. Foi em torno deste trajeto que as famílias que se sustentavam com a produção da Ilex foram construindo suas casas, galpões, engenhos e comércios.
Os barões da erva-mate
Com a crise de 1929, o chamado
"ciclo do mate" terminou no Paraná, mas isso não significa que esta
cultura deixou de ser importante para o Estado.
Pelo contrário: embora tenha
perdido o monopólio de principal fonte de renda dos paranaenses, ela continuou
sendo produzida com força. Em 2018, o Paraná respondia por 87% da produção
nacional, segundo um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
Além de uma geografia que favorece
o crescimento da Ilex, parte do motivo que colocou o Paraná no roteiro da
produção e exportação foi a atividade das grandes famílias de ervateiros, que
enxergaram o potencial daquele produto - alguns dos quais são lembrados até
hoje, como é o caso da família Leão, que empresta o nome à Matte Leão.
Folhagem da erva-mate| Jonathan
Campos
Segundo o pesquisador Khae Lhucas
Ferreira Pereira, da Fundação Cultural de Curitiba, os Leão contribuíram para a
reinvenção do consumo da planta. “Eles não só mantiveram por mais de um século
sua produção, como também reelaboraram a cultura do mate reinventando a forma
de consumo do chimarrão, como quando apresentaram a erva já tostada, em caixa
de flandres, para servir em xícaras, e o chá gelado em copo, que é conhecido
nacionalmente”.
A história da família Leão se mistura à própria história da erva-mate no Paraná. Ao adquirir o primeiro grande engenho ervateiro em Curitiba, Francisco Fasce Fontana, casou-se, em 1882, com Maria Dolores de Leão, irmã de Agostinho Ermelino de Leão Jr., o empresário à frente da Matte Leão, responsável por construir o Palacete Leão Jr. - atual Espaço Cultural BRDE. Com Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Serro Azul, Leão Jr. e Francisco Fontana formam a tríade dos grandes barões da erva-mate no final do século 19.
Mais do que produtores e
exportadores, os ervateiros foram responsáveis, naquele momento, por fomentar o
desenvolvimento econômico, industrial, urbano, arquitetônico e cultural da
cidade.
Nessa época, foram construídos o
Passeio Público, a Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais
e a própria Universidade Federal do Paraná. Os mesmos também abraçavam a
responsabilidade de divulgar os produtos aqui fabricados, participando de
feiras e exposições nacionais e internacionais e recebendo, em suas casas,
visitas ilustres como a da Princesa Isabel e a do presidente Afonso Pena.
Texto extraído de: https://www.gazetadopovo.com.br/haus/brde-palacete/200-anos-depois-da-classificacao-pela-botanica-erva-mate-ainda-faz-historia/
Fonte Imagem: https://www.gazetadopovo.com.br/haus/brde-palacete/200-anos-depois-da-classificacao-pela-botanica-erva-mate-ainda-faz-historia/
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