domingo, 16 de maio de 2021

CAFÉ PELO MUNDO: ITÁLIA



A relação da Itália com o café está intrinsecamente ligada à história do café, desde as técnicas e rituais de preparação para chegar ao cafezinho como o conhecemos hoje, até os locais onde amamos tomar essa bebida.

Conta-se que se ouviu falar sobre o café no Ocidente pela primeira vez por um alemão, Leonarf Ranwolf, que havia viajado para o Oriente. Depois dele, o botânico italiano Próspero Alpini foi para o Egito, como médico pessoal do cônsul de Veneza, e lá estudou plantas raras ou desconhecidas. De volta à Europa publicou diversos livros sobre seus estudos de plantas, em um deles, “De Medicina Aegyptiorum”, publicado em Veneza, em 1591, ele apresenta a tamareira, a bananeira, o baobá e faz a primeira descrição de um pé de café para a Europa.



Com o café chegando na Europa, sendo muito apreciado já pelos turcos muçulmanos, empregado em ritos dervixes sufistas e consumido também por tribos africanas não cristãs, diversos sacerdotes italianos insistiram para que o Papa Clemente VIII (1536-1605) proibisse o café para os católicos.

O Papa decidiu experimentar um café da melhor qualidade antes de aceitar o pedido. No livro “Coffee: a Connoisseur´s Companion” de Claudia Roden, conta-se que ele falou: “Bem, esta bebida de satanás é tão deliciosa que seria um pecado deixar que somente os infiéis a utilizem. Enganemos satanás batizando-a”. Liberando, então, o cafezinho.


O PRIMEIRO CAFÉ PÚBLICO

Passam cerca de vinte anos até o café chegar de fato na Europa, também por terras italianas e também em Veneza, pelo seu porto, em 1615. Trinta anos depois, é nesta mesma cidade que surge o primeiro café público, em 1643, e na cidade de Gênova. No final do século XVII quase todas as cidades italianas tinham uma cafeteria e outras muitas tiveram suas casas de café, entre elas, Caffè Greco em Roma, Caffè Pedrocchi em Pádua e Caffè San Carlo, em Turim. O que dava mais atenção a esses cafés, eram as pessoas famosas e intelectuais que frequentavam os estabelecimentos.

“Bem, esta bebida de satanás é tão deliciosa que seria um pecado deixar que somente os infiéis a utilizem. Enganemos satanás batizando-a”

E é também em Veneza que se estabeleceu na Praça de São Marcos, em 1720, o Caffè Florian, a mais antiga cafeteria em operação contínua da história. Quem for para Veneza, não deve deixar de visitar e claro, tomar um cafezinho!



CAFÉ EM CASA

É na Itália que foi criado, também, o primeiro aparelho para preparar café em casa: a caffettiera napolitana. Inventada na cidade de Nápoles, a cafeteira doméstica conhecida como cuccumellafoi baseada na primeira cafeteira de filtro feita em 1691 pelo francês Du Belloy.

Em Nápoles, o café foi difundido ao final século XVIII, devido à um livro do gastrônomo Pietro Corrado, que trazia uma canção de tributo à bebida.

As pessoas começaram a usar esta cafeteira para preparar três ou quatro xícaras de café ao mesmo tempo, e saborear a bebida em casa, tornando o cafezinho no final da refeição algo ritualístico na Itália e, se difundindo depois, para o mundo.

Cafeteira Napolitana cuccumella



O preparo do café na cafeteira Napolitana é pouco conhecido, principalmente por que, quando se fala em cafeteira italiana, como aqui no Brasil, nos referimos à Moka. A cafeteira Napolitana resulta um café encorpado, porém mais suave que a Moka, a moagem do café também tem de ser um pouco mais grossa que a usada para a Moka.


Cafeteira Italiana Moka

A cafeteira moka faz o café por meio do vapor de água. Seu nome foi dado em homenagem a cidade de Moca, no Iêmen, famosa pela qualidade do café que produzia. Patenteada pelo inventor Luigi De Ponti em nome de Alfonso Bialetti, em 1933, tinha uma produção artesanal e limitada ao mercado local. No início dos anos 50, Renato Bialetti, filho de Alfonso, apostou na publicidade tornando-a um sucesso de vendas. O modelo utilizado hoje nas casas italianas ou brasileiras é praticamente o mesmo criado em 1933.


UN ESPRESSO PERFAVORE!

Além das cafeteiras domésticas, os italianos também criaram e disseminaram pelo mundo a máquina de café expresso. O método, em italiano “espresso” é sinônimo de “feito no momento” e foi concebido para reduzir o tempo de elaboração da bebida em bares e restaurantes.

O primeiro protótipo de máquina de espresso é de 1855 e foi apresentado na Exposição Universal de Paris. Poucos anos depois, em 1901, um engenheiro de Milão, Luigi Bezzera inventa a primeira máquina de espresso à vapor. Sua patente influencia a pesquisa nesta área por diversas empresas italianas.

Em 1947, logo após a Segunda Guerra Mundial, um proprietário de bar, Achille Gaggia, após muitas tentativas, consegue chegar a uma máquina que produz um café que realmente agradasse seu paladar e a patenteia. Conta-se que ele, na verdade, teria comprado a invenção de Rosseta Scorsa. De qualquer forma, é esta máquina que introduz a extração sob pressão, permitindo obter a bebida mais concentrada e aromática, coberta por um creme denso cor de avelã em toda a superfície da xícara: o espresso tal como conhecemos hoje.



Os italianos apreciam tanto o café que o “café espresso” é o café básico de lá. Como assim? Se você entra em um bar e pede simplesmente “um café”, te servem um espresso. Lá, um espresso se bebe todas as horas do dia, normalmente de pé em um balcão ou após as refeições. Praticamente como bebemos o nosso café coado.

Agora, atenção, se você pedir um “espresso” não se assuste: você vai receber um café num copinho ou numa pequena xícara, como um “shot”. Ele é servido em menor quantidade de uma bebida bem concentrada, que retém todas as características principais do café, que claro, eles muito se orgulham.

Combinado com outros ingredientes, os italianos criaram também as mais famosas bebidas que têm o café como base: o Cappuccino e o Macchiato.

Diferente de aqui no Brasil, o Cappuccino italiano não leva chocolate e costuma ser consumido apenas pela manhã, acompanhado de um croissant.

Para dar conta de uma grande variedade de possibilidades de combinações de cafés e de um consumo de cerca de 5,6 kg por pessoa de café por ano, os italianos também são um dos maiores importadores de café do planeta.


Texto extraído de: https://www.graogourmet.com/blog/cafe-no-mundo-italia/
Fonte Figuras: https://www.graogourmet.com/blog/cafe-no-mundo-italia/


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