A relação da Itália com o café está intrinsecamente ligada à história
do café, desde as técnicas e rituais de preparação para chegar ao cafezinho
como o conhecemos hoje, até os locais onde amamos tomar essa bebida.
Conta-se que se ouviu
falar sobre o café no Ocidente pela primeira vez por um
alemão, Leonarf Ranwolf, que havia viajado para o Oriente. Depois dele, o
botânico italiano Próspero Alpini foi para o Egito, como médico pessoal do
cônsul de Veneza, e lá estudou plantas raras ou desconhecidas. De volta à
Europa publicou diversos livros sobre seus estudos de plantas, em um deles, “De
Medicina Aegyptiorum”, publicado em Veneza, em 1591, ele apresenta a tamareira,
a bananeira, o baobá e faz a primeira descrição de um pé de café para a Europa.
Com o café chegando na Europa, sendo muito apreciado já pelos turcos
muçulmanos, empregado em ritos dervixes sufistas e consumido também por tribos
africanas não cristãs, diversos sacerdotes italianos insistiram para que o Papa
Clemente VIII (1536-1605) proibisse o café para os católicos.
O Papa decidiu experimentar um café da melhor qualidade antes de
aceitar o pedido. No livro “Coffee: a
Connoisseur´s Companion” de Claudia Roden, conta-se que ele falou:
“Bem, esta bebida de satanás é tão deliciosa que seria um pecado
deixar que somente os infiéis a utilizem. Enganemos satanás batizando-a”.
Liberando, então, o cafezinho.
O PRIMEIRO CAFÉ PÚBLICO
Passam cerca de vinte anos até o café chegar de fato na Europa, também
por terras italianas e também em Veneza, pelo seu porto, em 1615. Trinta
anos depois, é nesta mesma cidade que surge o primeiro café público, em
1643, e na cidade de Gênova. No final do século XVII quase todas as cidades
italianas tinham uma cafeteria e outras muitas tiveram suas casas de café,
entre elas, Caffè Greco em Roma, Caffè Pedrocchi em Pádua e Caffè San Carlo, em
Turim. O que dava mais atenção a esses cafés, eram as pessoas famosas e
intelectuais que frequentavam os estabelecimentos.
“Bem, esta bebida de satanás é tão deliciosa que seria um
pecado deixar que somente os infiéis a utilizem. Enganemos satanás batizando-a”
E é também em Veneza que se estabeleceu na Praça de São Marcos, em
1720, o Caffè Florian,
a mais antiga cafeteria em operação contínua da história. Quem for para
Veneza, não deve deixar de visitar e claro, tomar um cafezinho!
CAFÉ EM CASA
É na Itália que foi
criado, também, o primeiro aparelho para preparar café em
casa: a caffettiera napolitana. Inventada na cidade de Nápoles, a cafeteira
doméstica conhecida como cuccumella, foi
baseada na primeira cafeteira de filtro feita em 1691 pelo francês Du Belloy.
Em Nápoles, o café foi
difundido ao final século XVIII, devido à um livro do gastrônomo Pietro
Corrado, que trazia uma canção de tributo à bebida.
As pessoas começaram a
usar esta cafeteira para preparar três ou quatro xícaras de café ao mesmo
tempo, e saborear a bebida em casa, tornando o cafezinho no final da refeição
algo ritualístico na Itália e, se difundindo depois, para o
mundo.
Cafeteira Napolitana cuccumella
O preparo do café na cafeteira Napolitana é pouco conhecido,
principalmente por que, quando se fala em cafeteira italiana,
como aqui no Brasil, nos referimos à Moka. A cafeteira Napolitana resulta um
café encorpado, porém mais suave que a Moka, a moagem do café também tem de ser
um pouco mais grossa que a usada para a Moka.
A cafeteira moka faz o café por meio do vapor de água. Seu nome foi
dado em homenagem a cidade de Moca, no Iêmen, famosa pela qualidade do café que
produzia. Patenteada pelo inventor Luigi De Ponti em nome de Alfonso
Bialetti, em 1933, tinha uma produção artesanal e limitada ao mercado
local. No início dos anos 50, Renato Bialetti, filho de Alfonso, apostou na
publicidade tornando-a um sucesso de vendas. O modelo utilizado
hoje nas casas italianas ou brasileiras é praticamente o mesmo criado em 1933.
UN ESPRESSO PERFAVORE!
Além das cafeteiras
domésticas, os italianos também criaram e disseminaram pelo mundo a máquina
de café expresso. O método, em italiano “espresso” é sinônimo de “feito no
momento” e foi concebido para reduzir o tempo de elaboração da bebida em bares
e restaurantes.
O primeiro protótipo de
máquina de espresso é de 1855 e foi apresentado na Exposição Universal de
Paris. Poucos anos depois, em 1901, um engenheiro de Milão, Luigi Bezzera
inventa a primeira máquina de espresso à vapor. Sua patente influencia a
pesquisa nesta área por diversas empresas italianas.
Em 1947, logo após a
Segunda Guerra Mundial, um proprietário de bar, Achille Gaggia, após muitas tentativas,
consegue chegar a uma máquina que produz um café que realmente agradasse seu
paladar e a patenteia. Conta-se que ele, na verdade, teria comprado a invenção
de Rosseta Scorsa. De qualquer forma, é esta máquina que introduz a extração
sob pressão, permitindo obter a bebida mais concentrada e aromática, coberta
por um creme denso cor de avelã em toda a superfície da xícara: o espresso tal
como conhecemos hoje.
Os italianos apreciam tanto o café que o “café espresso” é o café
básico de lá. Como assim? Se você entra em um bar
e pede simplesmente “um café”, te servem um espresso. Lá, um espresso se bebe
todas as horas do dia, normalmente de pé em um balcão ou após as refeições.
Praticamente como bebemos o nosso café coado.
Agora, atenção, se você
pedir um “espresso” não se assuste: você vai receber um café num copinho ou
numa pequena xícara, como um “shot”. Ele é servido em menor quantidade de uma
bebida bem concentrada, que retém todas as características principais do café,
que claro, eles muito se orgulham.
Combinado com outros
ingredientes, os italianos criaram também as mais famosas bebidas que têm o
café como base: o Cappuccino e o Macchiato.
Diferente de aqui no
Brasil, o Cappuccino italiano não leva chocolate e costuma ser
consumido apenas pela manhã, acompanhado de um croissant.
Para dar conta de uma grande variedade de possibilidades de
combinações de cafés e de um consumo de cerca de 5,6 kg por pessoa de café por
ano, os italianos também são um dos maiores importadores de café do planeta.
Texto extraído de: https://www.graogourmet.com/blog/cafe-no-mundo-italia/
Fonte Figuras: https://www.graogourmet.com/blog/cafe-no-mundo-italia/