Reza
a lenda que o famoso panetone italiano nasceu de um erro na cozinha. Na véspera
de Natal, na corte de Ludovico, o Mouro, um funcionário teria queimado a
sobremesa, que se tornara incomestível. Foi quando um ajudante de cozinha
chamado Toni improvisou um doce com farinha, ovos e manteiga. Com base de pão
(pane, em italiano), a iguaria teria recebido o nome de “pane di Toni”.
Quem
conta essa história à ANSA é Vincenzo Protti, representante no Brasil da
Augusta Panettoni, conceituada confeitaria de Milão fundada em 1945. A marca
acaba de desembarcar no país, seu primeiro mercado na América do Sul, por meio
da importadora Domno.
“Dizemos
que o panetone de qualidade sempre é feito com manteiga”, conta Protti. Segundo
ele, o Brasil quase não tem bons panetones, porque no país se costuma usar
margarina e leite condensado nas receitas, algo considerado quase um pecado
pelos italianos. A base do doce é simples: água morna, farinha, fermento,
manteiga e ovos.
Para
Protti, o segredo da qualidade é o tempo, já que o doce precisa de no mínimo
três dias entre a preparação e a finalização. “A fermentação deve ser lenta
para criar aqueles furinhos”, explica. “Na Itália, existe uma cultura do panetone
muito forte, além dos concursos, como o melhor panetone do ano”, acrescenta.
Para ele, essas raízes colaboram com a qualidade e valorização do doce.
“Ainda
não encontrei no Brasil um panetone feito com o método tradicional”, diz.
“Espero que essa cultura de um panetone de um nível mais alto chegue no
Brasil.” O representante reclama que a maioria das versões que consumimos é
industrializada e, muitas vezes, não passa pelo ponto que ele considera
fundamental na produção: os três dias de fermentação.
Protti
conta que o Comitê dos Confeiteiros de Milão já apresentou uma petição à Câmara
de Comércio da cidade para proteger a receita. Ele diz que o sucesso do doce se
deu pelo seu fácil preparo e pelo baixo custo de produção.
Ao
contrário do Brasil, onde se encontra panetone de petit gateau, doce de leite,
coco, trufado, brownie, entre outros sabores, a Itália se mantém nas
tradicionais frutas cítricas, e suas inovações na receita incluem poucas
opções, como gotas de chocolate e limoncello, licor de limão-siciliano.
“No
Brasil, não poderia se chamar panetone”, conclui Protti.
Fonte:
https://olaserragaucha.com.br/italia-x-brasil-conheca-as-diferencas-entre-seus-panetones/
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