Segundo diz a lenda, foram os missionários jesuítas que levaram o café para a Colômbia, em meados de 1700. Mas dados históricos afirmam que a produção e a comercialização das primeiras sacas para o exterior tiveram início em 1835, a partir de Salazar de las Palmas, Norte de Santander. De Cúcuta, principal porto do país da América do Sul na época, o fruto dos cafeeiros era comercializado para cidades da Europa e, em 1860, o café já figurava como o principal produto de exportação da Colômbia.
Desde então, o cultivo de café se espalhou principalmente por meio da agricultura familiar, desenvolvida em pequenas propriedades de altitude elevada, com média entre 1,2 mil e 2 mil metros. O solo vulcânico – extremamente fértil -, a presença de microclimas (com temperaturas que variam de 8 a 24 graus), a variedade de elevação das lavouras, o regime peculiar de chuva e de exposição das plantas ao sol foram fatores determinantes para a qualidade superior dos grãos produzidos ali, quase que na totalidade de varietais arábica.
Vem justamente daí – das especificidades do terroir colombiano – uma das razões para a qualidade da produção dos cafés locais: varietais arábica se dão bem em altitude elevada, característica que exige o manejo artesanal das lavouras. Não por acaso, a colheita das cerejas de café é 100% manual, selecionada fruto a fruto. Com isso, a Colômbia foi um dos primeiros países do mundo a despontar na produção e no comércio de cafés direcionados ao mercado premium.
OS ANDES E AS REGIÔES PRODUTORAS
Durante todo o século 20, o café se configurou produto primordial dentro das exportações colombianas. Em 1999, a cafeicultura representou 3,7% do produto interno bruto (PIB) nacional e 37% do emprego agrícola. Atualmente, a produção cafeeira na Colômbia envolve nada menos que meio milhão de agricultores e permanece como uma das principais atividades econômicas do país.
De acordo com dados recentes, a Colômbia exporta anualmente 11.000.000 de sacas de café, montante que movimenta, em média, US$ 2,58 bilhões. O país produz 12% do café comercializado no mundo, e ocupa a terceira posição no ranking mundial, atrás apenas do Brasil, que ocupa a liderança, e do Vietnã, segundo colocado.
As pequenas propriedades estão localizadas em 22 regiões, com três eixos ou grupos de destaque: Norte, Central e Sul. A região compreendida entre as cidades de Cali, Medellín e Bogotá é conhecida como a Zona Cafetero ou Eje Cafetero (Eixo Cafeeiro). As terras altas da Sierra Nevada de Santa Marta e as encosta da Cordilheira dos Andes que atravessam o país também são famosas pela qualidade das lavouras.
Para se ter uma ideia, a maior região central ao redor de Medellín, Armênia e Manizales compreende quase 14.000 quilômetros quadrados e é conhecida como eixo colombiano de cultivo de café. A produção é comercializada em selo único, com a marca MAM. Já a região montanhosa entre as cidades de Bogotá e Bucaramanga é menor, mas não menos importante.
Entre os principais pólos produtores estão, ainda, Nariño, Norte de Santander, Antioquia, Vale do Cauca, Huila, Tolima, Caldas, Risaralda, Quindío e Cundinamarca, entre outras.
A mais famosa região produtora de café, conhecida como o “cinturão do café”, é a parte central do país que inclui os departamentos de Caldas, Quindío e Risaralda. Este é o coração do café colombiano.
Mais ao sul, mais perto do Equador, os cafés são cultivados em altitudes mais elevadas devido às temperaturas mais altas. Isso permite que o café amadureça mais lentamente e, assim, desenvolva mais sabor. O rendimento é menor, mas estes são alguns dos grãos mais procurados que o país tem a oferecer.
O SABOR DO CAFÉ COLOMBIANO
Região geográfica repleta de microclimas, a Colômbia dá origem a cafés arábica de varietais e de terroir diversificados, o que gera bebidas de sabores bem variados.
A peculiaridade nos períodos de colheita, realizadas duas vezes ao ano a depender da região (tanto de abril a agosto quanto de setembro a janeiro), também interfere no perfil de sabor do grão.
Em comum, baristas e apreciadores registram que os cafés colombianos são suaves e bem equilibrados. Possuem corpo médio e sedoso, níveis de acidez que variam do médio ao alto, doçura pronunciada. São fáceis de beber.
Alguns classificam os perfis de sabor dos grãos de acordo com a região produtora. Assim, o Norte produz cafés com notas de chocolate e nozes, menos acidez e mais corpo; a região Central é reconhecida por exemplares ricos em sabores de ervas e frutados; e o Sul dá origem a grãos com acidez marcante e aromas mais cítricos.
No mercado consumidor, o café colombiano é um dos preferidos como base para extração no método espresso. Isso por que recebe bem torras média e média escuras sem que fique amargo demais. Lembrando que tal característica é ressaltada pela moagem fresca, que permite a preservação dos óleos do grão, revelados na xícara.
Entre os cafés mais produzidos na Colômbia, os varietais bourbon, typica, caturra e maragogipe são os destaques.
CAFÉ COLOMBIANO X CAFÉ BERASILEIRO: QUAL É O MELHOR?
Certo, até aqui abordamos algumas das principais características dos cafés colombianos e o porquê de serem quase que exclusivamente direcionados ao mercado internacional. Mas em que medida a produção de grãos do país andino se difere da brasileira?
Em uma primeira análise, é importante lembrar que o café é um produto de terroir. Ou seja, a lavoura e o fruto recebem influências geográficas, de clima, solo, regime de chuvas. Muitas vezes, um mesmo cultivar origina safras de qualidade e sabores diferentes. Daí uma primeira conclusão: cada café é único.
Cabe a você, apreciador de cafés especiais, a escolha do estilo e sabor que mais combinam com seu perfil de consumo!
PECULIARIDADES DA PRODUÇÃO
Para além do terroir específico de cada país e região, também é possível listar outras diferenças entre os cafés colombiano e brasileiro.
Apesar de algumas similaridades como a altitude superior aos 1,2 mil metros nas lavouras arábica e a colheita manual dos frutos em ambos os países, lá e aqui o manejo no trato do grão é diferente.
No país andino, a maioria dos produtores trabalha com o café lavado. Ou seja, após colhidos, os frutos maduros são colocados de molho na água para serem despolpados e, depois, fermentados, por um período entre 12 e 36 horas. Após a fermentação, os frutos são secos naturalmente ao sol. O processamento a úmido é uma técnica que resulta em um produto mais limpo, brilhante e frutado, e impacta na acidez do café. Por isso, a bebida colombiana é considerada mais suave.
Esse tipo de manejo faz com que o café colombiano seja comercializado no mercado internacional no contrato tipo C, que designa o café tipo lavado e que precisa ser comercializado em no máximo 6 meses, sob risco de perder importantes características, como cor e aroma.
Já no Brasil o café é processado a seco (ainda dentro da fruta). O processo, chamado “natural”, faz com que o grão contenha grande parte da doçura, característica que continuará na xícara. Em relação à preservação, o café seco pode ser armazenado por mais tempo. Além disso, possui cor, aroma e sabor mais intensos que o concorrente colombiano.
Uma dica para se familiarizar e distinguir os sabores é comparar a diferença gustativa na próxima ida à cafeteria!
JUAN VALDEZ E O MARKETING ASSERTIVO DO CAFÉ COLOMBIANO
Já falamos aqui que a Colômbia produz quase que exclusivamente varietais 100% arábica. Mas o que nem todo mundo sabe é que foi principalmente o apoio governamental ao café local de origem superior que garantiu a fama mundial do país no universo cafeeiro gourmet.
Desde a metade do século passado, o governo colombiano reconhece o potencial econômico de sua indústria de café. Tanto que elegeu o produto como parte da identidade nacional do país, criou um órgão nacional para o desenvolvimento da cadeia produtiva – a Federação Colombiana de Produtores (FNC) e, a reboque, uma campanha de marketing que entrou para a história: a divulgação da marca Juan Valdez.
A campanha, iniciada em 1959, reúne as 22 regiões produtoras e personifica o produtor de café colombiano: um camponês que ama e vive do café, cuidando de seus grãos como se cultivasse um tesouro. A marca estabeleceu um padrão de atuação comercial com o foco no mercado premium, criando uma percepção de altíssima qualidade nos grandes mercados consumidores por meio da divulgação da marca e da abertura de cafeterias e e-commerce próprios.
Além do marketing assertivo e que é sucesso há seis décadas, o governo e a FNC trabalham na continuidade de projetos que visam não apenas a geração de lucros, mas também pesquisa, treinamento, proteção ambiental e desenvolvimento comunitário que contribuem positivamente para meio milhão de cafeicultores da Colômbia.
De fato, a UNESCO reconhece a região cafeeira colombiana como Patrimônio da Humanidade, descrevendo-a como “um exemplo excepcional de uma paisagem cultural sustentável e produtiva”.
Já o Brasil, maior produtor mundial, cultiva as espécies arábica e robusta e, até o início dos anos 2000, era reconhecido principalmente pelo café comercializado como commodity agrícola, objetivando o alto volume de sacas produzido, direcionado principalmente ao mercado comercial e não ao gourmet.
Apenas há pouco, o país começou a desenvolver o mercado de cafés premium e ainda não realiza campanhas tão assertivas. No entanto, os cafés tupiniquins de qualidade superior vêm aparecendo e crescendo no cenário internacional.
Prova pode ser conferida na performance ascendente em concursos mundiais, como o Mundial de Brewers 2018 (café filtrado), quando o Café Fazenda Daterra, do Cerrado Mineiro, ficou com o primeiro lugar. Também saímos vitoriosos na edição 2018 do Coffee of Excellence, Cup of Excellence, um dos maiores e mais respeitados prêmios do café mundial, com o Catuaí Vermelho da Fazenda Paraíso, em Carmo do Paranaíba, Minas Gerais.
Ou seja, o café premium brasileiro pode não ter alcançado ainda a mesma fama do colombiano, mas goza de qualidade indiscutível. E tem potencial de sobra para figurar entre os melhores do mundo!
CONHEÇA AS PRINCIPAIS MARCAS DE CAFÉ COLOMBIANO
No mercado consumidor, o café colombiano é dividido em categorias de acordo com a qualidade. Nessa hierarquia, o grau mais alto é nomeado Supremo e configura, segundo especialistas, o melhor café cultivado na Colômbia. Na sequência, o segundo grau é o Extra, e o terceiro, Excelso, é uma mistura inferior das duas primeiras categorias.
Até algum tempo atrás, muitos comerciantes tinham o costume de misturar o café colombiano ao de outros países. Mas, diante do desenvolvimento do mercado de café premium, que valoriza a rastreabilidade dos grãos da origem até a xícara, a prática vem caindo em desuso.
Na dúvida se o café é mesmo do país andino? Uma dica para ter certeza da origem dos grãos é procurar o selo “100% Brands of Colombia”. Além disso, cheque na embalagem ou no balcão, com o barista, informações mais detalhadas sobre a fazenda que produz o café e o terroir da região. Dados como altitude, método de processamento, tipo e data da torra são sinais para rastrear a cadeia produtiva e determinam características e qualidades do café.
A seguir, apresentamos as marcas de café colombiano de mais qualidade e mais consumidas no mercado internacional.
Lembrando que algumas empresas são sediadas na Colômbia, enquanto outras são torrefadoras americanas que importam e torram grãos colombianos de alta qualidade.
Don Pablo Colombian Supremo
Características do produto: Um café supremo colombiano de extrema qualidade, cultivado em regiões de altitude superior aos 1,2 mil metros, tem colheita selecionada e é torrado em pequenos lotes.
Perfil sensorial: O Don Palo é um café de sabor doce, rico e suave com um corpo médio e uma leve acidez para notas cítricas. A torra média-escura promove caramelização que salienta os açúcares naturais do grão. O efeito é a profusão de notas levemente defumadas, de noz e chocolate amargo.
Preço médio: de US$ 14,99 a US$ 34,99
Características do produto: Um café supremo colombiano de extrema qualidade, cultivado em regiões de altitude superior aos 1,2 mil metros, tem colheita selecionada e é torrado em pequenos lotes.
Perfil sensorial: O Don Palo é um café de sabor doce, rico e suave com um corpo médio e uma leve acidez para notas cítricas. A torra média-escura promove caramelização que salienta os açúcares naturais do grão. O efeito é a profusão de notas levemente defumadas, de noz e chocolate amargo.
Preço médio: de US$ 14,99 a US$ 34,99
Volcanica Colombian Peaberry
Características do produto: Conhecido pela seleção criteriosa que privilegia apenas grãos de qualidade superior, fruto de mutação genética de cada safra (cerca de 5% da lavoura), o café colombiano Peaberry é tido como uma raridade entre os Supremos. A produção 100% arábica é cultivada em solo vulcânico e altitudes entre 1,650 e 1,8 mil metros.
Perfil sensorial:
As notas do Peaberry tem sabor suave, que remetem a cereja, chocolate, malte e
nozes. A finalização, levemente adstringente, evidencia chocolate e
nuances de madeira. A torra média é praticada pela marca.
Preço médio: a partir de US$ 17,99
Preço médio: a partir de US$ 17,99
Juan Valdez
Características do produto: Como dito no texto do post, a marca reúne produtores de café premium de todas as regiões da Colômbia e é gerida pela Federação Nacional dos Cafeicultores. Hoje, os cafés Juan Valdez são comercializados em todo o mundo via cafeterias, delicatéssen e e-commerce.
Perfil sensorial: Como reúne diversos produtores de diferentes regiões como Sierra Nevada, Nariño, Huíla, Cauca, Santander, Tolima e Antioquia, é impossível descrever o sabor dos cafés da marca. Nas lojas da rede, a Juan Valdez descreve que oferece um “universo de sabores e aromas de cafés preparados por baristas que todos os dias se orgulham de servir milhares de xícaras de café”. A marca também oferece linhas premium e sustentável.
Preço médio: R$ 99 (pacote de 500g do Expresso Juan Valdez Premiun Vólcan)
Características do produto: Como dito no texto do post, a marca reúne produtores de café premium de todas as regiões da Colômbia e é gerida pela Federação Nacional dos Cafeicultores. Hoje, os cafés Juan Valdez são comercializados em todo o mundo via cafeterias, delicatéssen e e-commerce.
Perfil sensorial: Como reúne diversos produtores de diferentes regiões como Sierra Nevada, Nariño, Huíla, Cauca, Santander, Tolima e Antioquia, é impossível descrever o sabor dos cafés da marca. Nas lojas da rede, a Juan Valdez descreve que oferece um “universo de sabores e aromas de cafés preparados por baristas que todos os dias se orgulham de servir milhares de xícaras de café”. A marca também oferece linhas premium e sustentável.
Preço médio: R$ 99 (pacote de 500g do Expresso Juan Valdez Premiun Vólcan)
Koffee Kult Columbia Huila
Características do produto – O café é cultivado em pequenas propriedades familiares na região de Huila (Garzon, Pitalito e Neiva) com altitude média de 1,9 mil metros, em técnicas artesanais de manejo. A marca promove a torra média e em pequenos lotes (realizada nos EUA). No mercado, a comercialização se dá em grãos inteiros e em embalagens com fecho hermético, cuidado que garante o máximo de frescor ao produto.
Perfil sensorial: Varietais caturra, castillo e typica são os mais tradicionais nos cafés da marca. Em comum, apresentam corpo marcante, notas de canela e caramelo, sabor de cereja e finalização brilhante.
Preço médio: A partir de US$ 16
Eight O’Clock 100% Colombiano
Característica do produto – A marca norte-americana fundada em 1859 seleciona, torra e comercializa cafés especiais de todo o mundo. O 100% colombiano é selecionado exclusivamente em regiões de altitudes elevadas e ricos solos vulcânicos, colhidos em sua maturação ideal. A torra é a média. O produto possui o selo de aprovação da Rainforest Alliance.
Perfil sensorial: O café 100% colombiano é suave e traz como diferencial notas de vinho.
Preço médio: A partir de US$ 15
Colômbia Orgânica Java Planet
Características do produto – Com sede na Flórida (EUA), a Java Planet é conhecida por trabalhar com grãos especiais e orgânicos, selecionados nas principais regiões produtoras do planeta. O colombiano é comercializado em grãos inteiros e leva torra médio-escura.
Perfil sensorial: Suave, com leve acidez e sabor equilibrado.
Preço médio: US$ 29
Texto extraído de: https://blog.ucoffee.com.br/cafe-colombiano/
Fonte Figura: https://blog.ucoffee.com.br/cafe-colombiano/
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