Cinco diferentes tipos
de extração e suas influências no sabor do café
O café surgiu por volta
do ano 1.000 envolto na lenda de um pastor de cabras da Etiópia que levou até
um monge conhecido os frutos de uma planta que deixava seu rebanho mais
disposto quando o ingeriam. O monge fez uma infusão com os grãos e percebeu que
a bebida lhe ajudava a ficar mais tempo acordado durante suas meditações.
Se a história acima é
verdade ou não, o que mais importa é que o café, desde então, ganhou o mundo.
Pouca gente sabe, mas o café é a segunda bebida mais consumida depois da água.
Um dos seus diferenciais são as inúmeras formas de extração que podem resultar
em bebidas totalmente diferentes, mesmo quando utilizamos a mesma variedade e
marca de café.
Atualmente
existem mais de 10 maneiras de preparar um bom café. Ele pode ser obtido
através de filtro de papel, de pano, da prensa francesa, Moka, Ibrik, Hario
V60, Chemex, Aeropress, Clever, Soft Brew, Handspresso, entre outros. Como eles
se diferenciam?
Cada tipo de extração
faz com que os sabores e aromas da bebida variem. Para compreender essas
sutilezas, Cleia Junqueira, coordenadora e instrutora dos cursos de café do
Centro de Preparação de Café do Sindicafé-SP preparou a bebida de cinco formas
distintas: com coador de pano, filtro de papel, cafeteira italiana, prensa
francesa e máquina de expresso. O café escolhido para os cinco tipos de preparo
foi da categoria gourmet da região Mogiana Paulista, variedade Bourbon Amarelo
com selo da ABIC (Associação Brasileira da Industria de Café).
Vale lembrar que o café
gourmet é elaborado apenas com grãos 100% Arábica e passa por diversos testes
no PQC (Programa de Qualidade do Café) para só receber o selo se tiver notas de
7,3 a 10. Esse tipo de café vem ganhando espaço nas prateleiras de lojas
especializadas e de alguns supermercados e pode ser encontrado de diferentes
marcas, mas sempre com o selo da ABIC.
COADOR DE PANO
É a mais tradicional
forma de fazer café
Não se sabe quando
surgiu e quem foi o primeiro a utilizar essa forma de extração de café, mas até
hoje ela é a mais tradicional nas casas, bares e padarias. O método é muito
simples: coloca-se o pó no coador e depois despeja-se água quente normalmente
filtando para dentro de um bule. Essa maneira de fazer tem como pontos
positivos a facilidade e rapidez, mas é importante ter cuidado com o tipo de
pano e por quantas vezes ele será utilizado.
Moagem: fina, tipo
açúcar refinado.
Resultado: Bebida
com pouco corpo e retrogosto com notas de chocolate, baunilha, caramelo e
avelã, e acidez leve.
Dica de
preparo: use 50 gramas para 500 ml de água. A quantidade de café no coador
de pano é maior do que a do filtro de papel por conta da trama do tecido que
faz uma extração de café mais rápida.
FILTRO DE PAPEL
O filtro de papel foi
criado em 8 de julho de 1908 na Alemanha por uma dona de casa chamada Melitta
Bentz
Foi criado em 8 de
julho de 1908 na Alemanha por uma dona de casa chamada Melitta Bentz. Depois de
várias reclamações de seu marido devido à qualidade do café que preparava, ela
notou que o problema eram os resíduos de café acumulados nos preparos
anteriores em coador de pano. Para resolver o problema, ela recortou um pedaço
redondo de mata-borrão e cobriu o fundo de uma caneca de latão, em que fez
vários furos. O resultado foi o primeiro filtro de papel do mundo.
Moagem: fina, tipo
açúcar refinado.
Resultado final: Bebida
com pouco corpo e retrogosto com notas de chocolate, baunilha, caramelo e
avelã, e acidez cítrica
Dica de preparo: 40
gramas para 500 ml de água.
CAFETEIRA ITALIANA OU
MOKA
Cafeteira italiana ou
Moka é uma das formas preferidas de se fazer café na Europa
Foi a precursora das
máquinas de café expresso, surgiu na Itália de uma adaptação de um bule. Ainda
é uma das formas preferidas de se fazer café em casa na Europa. O processo de
preparo é bem simples. Na parte de baixo da cafeteira, coloca-se água e, na
parte de cima, em um recipiente furado, o café. Depois, a parte de cima é
rosqueada e a cafeteira, colocada no fogo. Quando a água entra em ebulição,
passa pelo pó e o líquido que sobe já está pronto e fica armazenado na parte
superior.
Moagem: média/grossa,
tipo açúcar cristal.
Resultado final: Bebida
bem encorpada e retrogosto com leve amargor e notas de chocolate, baunilha e
caramelo, e pouca acidez
Dica de preparo: 30
gramas para seis xícaras. No mercado, é possível encontrar cafeteiras italianas
para inúmeras quantidades de cafés.
CAFETEIRA FRANCESA OU
FRENCH PRESS
Cafeteria francesa ou
French Press surgiu em 1852, mas foi registrada mais tarde por um italiano
Surgiu nas cozinhas
francesas em 1852, mas só foi registrada em 1929 pelo designer italiano Attilio
Calimani. Seu principal apelo é a não utilização de energia elétrica ou filtros
de papel. Por muito tempo, foi considerada artigo de luxo devido ao seu
acabamento. Atualmente, é possível encontrar inúmeros modelos que atendem a
todos os bolsos. O processo de elaboração do café com esse tipo de cafeteira
consiste em colocar o pó no fundo e misturar com água quente, deixando a
mistura descansar por alguns minutos. Depois, é só empurrar o êmbolo para baixo
para que o café seja filtrado.
Moagem: grossa,
tipo flor de sal.
Resultado final: Bebida
bem encorpada e retrogosto de chocolate, baunilha, caramelo, avelã e nozes. O
mais aromático dos cinco. Leve acidez cítrica.
Dica de preparo: 40
gramas para 500 ml de água. É importante deixar o café em contato com a água
por quatro minutos antes de iniciar a extração.
MÁQUINA DE ESPRESSO
A primeira máquina de
café expresso do mundo surgiu em 1822
A primeira máquina de
café espresso do mundo surgiu em 1822, como um protótipo, mas somente em 1855 é
que ela foi apresentada em Paris como uma máquina mais desenvolvida para
extração de café. Em 1901, o italiano Luigi Bezzera patenteou um equipamento
rudimentar com tubos de vapor que chamou de “Gigante”, porém não teve sucesso
de mercado. Desiludido, vendeu a patente de sua criação em 1905 para Desidero
Pavoni, que implementou novas ideias e criou um novo modelo de máquina de café
expresso chamado Ideale. Outras pessoas começaram a desenvolver novos formatos
e a cultura do espresso se espalhou por toda a Itália.
Moagem: média/fina,
tipo farinha de rosca.
Resultado final: Bebida
bem encorpada com retrogosto de chocolate, baunilha e caramelo, e leve acidez
cítrica.
Dica de preparo: 9
gramas por xícara.
É importante deixar
claro que os resultados obtidos nessa avaliação são comparativos entre um mesmo
tipo de café utilizado no preparo e na degustação. Tudo pode variar dependendo
do tipo e da marca de café escolhido. Para cada tipo de extração, você poderá
ter diferentes características do café. Não existe melhor ou pior, o resultado
está diretamente ligado à sua escolha. Além disso, segundo Cleia Junqueira,
para quem quiser um ótimo café é importante buscar três coisas: sempre que
possível comprar cafés em grãos, verificar a data na embalagem para sempre
comprar café novo e ter um bom moinho doméstico em casa para efetuar a moagem.
Fonte:
https://revistaadega.uol.com.br/artigo/cafe-de-formas-diferentes_9431.html
Fonte Imagem:
https://revistaadega.uol.com.br/artigo/cafe-de-formas-diferentes_9431.html